domingo, 31 de agosto de 2008

- Em 1ª pessoa.

Vestidos com as roupas de Deus
Desprovidos da indecência (sub) humana
Desenhando com a ponta dos dedos
as curvas não-perigosas do desejo.
Ora cola, ora fala, ora cala...
é assim.
Olhos, bocas e beijos
Bocas, olhos e abraços
Boca-olhos-beijos-abraços.
Amor individual, reproduzir amor sozinho é assim.
Amor em 1ª pessoa.


ps: breve.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Me dê 1 hora.

25 horas por dia ocupada demais para meus caprichos. 25 horas por dia tentando inventar uma boa desculpa para justificar minha ausência, tentando ocultar a vedadeira desculpa. 25 horas por dia preenchendo esse vazio, esse oco, esse monte de palavras misturadas - juntas não somam uma ladainha. 25 horas por dia, tentando estendê-lo por 26. 25 horas por dia, ligada no 220, "pára - noiando" mil coisas sem sentido.
Jogado às traças, feito meus pensamentos sórdidos.

sábado, 16 de agosto de 2008

- Azul - marinho.

Entre meados de solidão, meu corpo pede arrego aos meus sonhos imensuráveis.
As folhas caídas nas calçadas fazem um Ballet magnífico, que chama atenção de quem é minimalista. Eu nunca as vi dançar.
Entre linhas tortas fui escrevendo meu presente, ignorando a possibilidade de um futuro, e incrivelmente me vejo no futuro em branco que escrevi com caneta transparente. Tudo evidentemente marcado a luz da ausência e da saudade. Advérbios.
Opacidade, dilacerado é o meu orgulho de saber quem era, e hoje repugnando o que descobrir que sou. Tudo tão explícito. As histórias noturnas perderam o sentido interno, e a minha vida se tornou tão egoísta que não me deixa viver. Está pesado demais acordar e repetir a seqüência quase-lógica "pré-destinada" aos incapazes de fugir as exceções, cumprindo sempre a mesma regra padrão.
Eu continuo dando valor as coisas simples, esperando que um dia me torne uma delas.

Ainda sem palavras, repetindo o dito há dias atrás.Encontro em meus fracassos internos motivos pra manter os dedos inertes. A felicidade me apaga, e a tristeza me nutre. Entre essas duas, fico com a terceira.

sábado, 9 de agosto de 2008

- A última vez que vi Anne.

Da última vez que encontrei Anne, foi em 99
E me lembro do seu perfume adocicado, e seu cachecol vermelho sangue
A gente tomou um conhaque, e trocou mágoas por uns segundos.
Ela disse que desejou beijos e flores, e que conseguira isso
Só que hoje não faz mais sentido, e aquelas doces mentiras
e as desilusões de um quase-amor quase-perfeito.

estava escuro na Pub, mas ainda conseguia ver seu sorriso dolorido
e as marcas tristes que o tempo marcou na sua alma infantil
e quando lembro de seu perfil, vejo beleza onde não há.

Antes de se magoar com mentiras que ela adorava repetir
disse num tom grave, que Pietro havia se casado
e com uma moça de olhos cor-de-mel, disse isso com inveja nos lábios.
Já eram doses de solidão que engolia sem pensar
e o filtro não filtrava mais nada.
Anne falava como quem fala a um Vigário
como se eu pudesse absolvê-la de seus momentos de fraqueza.
e assim ela repetia suas doces mentiras, tentando
convencer a mim, de que um dia foi feliz
mas as coisas acabam, e o amor não é tudo - Dizia.

Continuamos com filosofias pós-meia-noite
vira-e-mexe ela repetia suas doces mentiras.
A essa hora a gente diz o que não quer
mas eu ainda tentava estabelecer silêncio no meio de tantas palavras ditas.

Hoje quando acordei, e me vi diante ao espelho
percebi que Anne envelheceu dez vezes o que deveria.
Mas o que dói, é que eu estatizei e me vejo cada vez mais inexperiente.
Anne me disse que cada dez coisas que falamos, pelo menos oito são frutos de um pensamento incompleto
e a cada dez que escrevemos, as dez servem para que abafemos as palavras e contemplemos o silêncio que destas advém.

Ainda ouço as doces mentiras de Anne, e acredito que sejam sinceras.
A gente ouviu Joni Mitchell
e percebi que Richard seria ótima companhia para Anne
e os meus dedos resolveram mentir pra ela, e escrever isto aqui.