quarta-feira, 27 de junho de 2012

- sem nome ou endereço.

Preciso de um pouco mais de ar, um pouco mais de tempo, um pouco mais de espaço, um pouco mais de mar. Eu preciso tomar cerveja por dois reais, preciso andar de bicicleta, preciso ver casinhas coloridas, preciso de sorrisos nacionais e internacionais. Preciso olhar pro céu, e ver o céu. Preciso de amor, um pouco mais de amor, daqueles surreais, daqueles que não são humanos, talvez eu precise adotar um cão, ou um peixinho solitário. Preciso de inspiração para ler livros que eu nunca ouvi falar, e ouvir as velhas músicas que eu tanto prezei. Preciso de mim, um pouco mais de mim.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

- blues power (8:41)

eu não quero ficar a vida inteira lutando contra o sistema. eu não sei pra quê servem virgulas, pontos, pontos - virgulas, nem sei. Acho que a vida é tão maior do que tudo isso, acho que as pessoas ficam discutindo de graça o que outras pessoas são pagas pra discutir. Eu gosto de ouvir uma boa música ruim e sorrir, por que ela existe apenas pra me fazer sorrir, eu gosto de tomar uma cerveja gelada e chegar a conclusão de que todas as cervejas são iguais. Eu já disse tudo isso, mas parece que a vida é cíclica mesmo, há uns cinco anos eu estava nesta mesma agonia do ser, eu estava me masturbando com as mesmas indagações sobre as irritações megalomaníacas de pessoas que realmente não tem por que ou por quem viver. Olha, eu percebo quão boa é a felicidade, por que toda vez que estou muito feliz não faço mais nada além de ser feliz. A felicidade toma todo o tempo de quem a vive, ela consome toda a energia, a felicidade gasta todo seu dinheiro. Daí eu percebo, como disse, que é a terceira vez que escrevo alguma coisa bem estranha essa semana, que tenho sentido tédio, que tenho sentido saudade, que tenho sentido apatia, que tenho sentido azia. Acho que tudo isso é tristeza. Tristeza que deixa a gente intelectual, fino, blasè, deixa a gente até mais bonito, mais organizado, com mais dinheiro. Porque é assim que a tristeza faz, ela te deixa tão interessante e criativo, e ao mesmo tempo tão exigente e chato que só a tristeza se torna verdadeiramente atraente. Internet, café, cigarro, cinema israelense, tv a cabo, só servem mesmo pra pessoas tristes. Só. Quando a felicidade existe, a gente ouve qualquer coisa e ri, a gente vê qualquer coisa e ri, a gente ama qualquer alguém e ri, a gente não precisa de tv a cabo, não precisa de cinema israelense. Se bem que, café serve também pra quem trabalha, mas todo resto é pra quem é triste. Eu queria ficar mais poética possível, pra pelo menos a tristeza servir pra alguma coisa, mas eu tô ficando tão de saco cheio disso tudo, que a poesia é o silêncio, a poesia é mais o que deixo de dizer, do que o que eu realmente digo. A poesia está no analisar a tristeza, e a minha tristeza está tão "novela das oito" que nada há de poético. Eu costumo trocar uma ideia com as ideias quando tô assim, mas nada melhor do que um blues power para consolidar o status: tristeza blasè. Não, não, status: tv a cabo, cinema israelense, café e liberdade.

domingo, 3 de junho de 2012

- Senti (metros) de amor.

estava pensando em correr riscos. mas só de ouvir a palavra "correr" não me animo muito, sou fumante e não sei correr. estive pensando em continuar andando na linha reta, mas lembrei que "continuar" pressupõe que eu já faça isso. estava pensando em amar, amar. é mais fácil assistir filmes e ouvir músicas, amar, é uma consequência brutal. acho que esses últimos goles, últimos tragos, últimos beijos, são tão singulares. Preciso crescer, fazer o último, ter o último, ser o último me daria alguns centímetros de amor e nostalgia.