terça-feira, 26 de outubro de 2010

"O que dizem os umbigos?"*

tenho tanta coisa pra fazer.
tenho que escrever sobre uns caras que eu nem conheço, e dizer o que eles pensam, e dizendo o que eles pensam, não dizer exatamente o que eu penso sobre eles.
tenho tantas coisas pra fazer, mas queria mesmo é sentar num boteco fedidinho e tomar algumas cervejas, sem se preocupar com às cinco da manhã nem nada.
queria tá lá, fazendo hora no discurso, conversando com pessoas, discutindo nossos problemas e pensando em algo bastante fútil.
queria tanto fazer um Monumento ao Foda-se, e viver de brisa. Queria largar meu emprego, ganhar dinheiro fácil vendendo maconha pra estudante.
sei lá, queria fazer qualquer coisa, alguma coisa que me desse algum prazer
que me fizesse sentir meus 19 invernos, e o sangue pulsante de alguém que curte a vida
acho que sentar aqui, e escrever pra uma máquina é tão vazio, tão zuado, tão babaca. Eu falo com pessoas reais, e falo bastante inclusive, mas eu sempre quero falar mais, quero falar muito mais. Se eu pudesse passaria 25 horas seguidas falando, falando qualquer coisa, falando todas as coisas do mundo.
Eu queria mesmo ser rica e esquecer essas querelas que estragam a vida, esquecer que as coisas não funcionam e ficar brigando por um macarrão com soja, ou uma feijoada na quarta-feira...sabe, essas coisas que estragam o seu bom humor...
ai sei lá, eu queria pra porra sintetizar essas coisas aqui, e não ter a necessidade de compratilhar tanta coisa besta com uma máquina que nem sabe se eu existo, se eu minto ou não, que nem sorri, nem chora. Olha que merda, maior desabafo desnecessário. Tenho tantas coisas pra fazer, e não consigo condenar Moisés, Jesus e nem Maomé, não consigo dizer se essas balelas que esse cara anônimo escreveu servem pra alguma coisa. Isso é uma merda.
Queria dormir sem ter que pensar em estar acordada pra fazer alguma coisa chata. Quero fazer coisas legais, quero olhar pro meu umbigo. Meu umbigo.



*esse título não é meu, acho ele legal.

domingo, 10 de outubro de 2010

- talvez até as 14:00h

Acordo cedo, vejo o escuro e pessoas que vêem o que eu vejo.
Eu acordo cedo, fumo meu cigarro maroto, entro numa nave, e desligo meus botões.
Acordo cedo, entro numa nave, e nessa nave tem pessoas que nem eu, que também se sentem numa nave.
Acordo cedo, escovo os dentes e penso: É a primeira e última vez que escovo os dentes hoje.
Acordo cedo, sento na cama ainda sem roupa, e penso que podia andar por aí assim, seria mais fácil, amarrar o tênis leva um certo tempo.
Acordo cedo, tento tomar um café, mas nunca dá tempo, penso sempre que se tomasse um café, meu dia seria bem melhor.
Acordo cedo, torço muito pra sentar no ônibus e dormir por vinte m-i-n-u-t-o-s.
Acordo cedo, durmo no ônibus por vinte m-i-n-u-t-o-s, e detestavelmente sonho com a realidade.
Acordo cedo, durmo vinte m-i-n-u-t-o-s no ônibus, impreterivelmente sonho com a realidade, e coloco o celular pra despertar se não perco o ponto.
Acordo cedo, fumo outro cigarro maroto, sinto pigarro na garganta.
Acordo cedo, fumo outro cigarro maroto, sinto pigarro na garganta, e como uma maça.
Acordo cedo, fumo outro cigarro maroto, sinto pigarro na garganta, e como uma maça, quase sempre estragada e amassada.
Acordo cedo, querendo muito acordar tarde.
Acordo cedo, triste e feliz.
Acordo cedo, triste e feliz, porque a parte triste é efêmera.
Acordo cedo, penso pouco.
Acordo cedo, cantanto pagode.
Acordo cedo, cantando pagode, que nem sei onde aprendi.
Acordo cedo, ouço conversas paralelas.
Acordo cedo, tão cedo.
Acordo cedo, e falo espanhol.
Acordo cedo, e falo espanhol, porque durmi pensando no Maria Lígia Prado.
Acordo cedo, com os cabelos ainda molhados.
Acordo cedo, com os cabelos ainda molhados, da noite anterior.
Acordo cedo, e pareço inerte.
Acordo cedo, mas queria dormir até às 13:47h.