quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

- sol sabor laranja.

eu tô aqui olhando pra chuva, nada mais bonito do que ver o sol derreter.

sábado, 26 de novembro de 2011

- querido Benjamin, .

quando eu olho pela janela do trem, só consigo pensar numa coisa ao ver meu reflexo no vidro sujo, a inquietante sensação de estar velha, velha na mentalidade, velha no aspecto do meu rosto, que retem toda fumaça do meu amigo. Buscar pelos sentidos é uma luta tão indiscutivelmente inútil. eu acabo mesmo pensando que essas duas décadas que o mundo me permitiu viver, são pesadas, quase nada fluidas, estão no ensejo de uma vida de recortes apáticos e repetitivos. O velho truísmo que diz que a felicidade são momentos, só reafirmam que a tristeza é permanente, infindável, insoluta, absuluta que se rompe em lapsos de felicidade. acho uma droga isso, tem gente que se contenta, mas ainda acho uma sacanagem imensa da vida, fazer com que a felicidade seja um bônus, não um ônus.
pois é meu amigo, as coisas pioram um pouco, quando você descobre ser weberiano, e que a célula mágica revolucionária, nada mais é do que um musculo involuntário. aceitar o desencantamento do mundo, é quase admitir o quanto somos infimos na lógoca do universo, e revoluir é quase mover uma matéria tão pequena, que truísmos a parte, não movem nada de fato. o conhecimento é uma produção tão ingrata, pois suas mudanças implicam em você detestar o mundo, e tornar - te mais incapaz de fazer algo por ele. tô blasè, e apática a tudo, as coisas são tão abstratas, que o que faz mais sentido real pra mim, é acordar entrar num ônibus, bater o ponto e fumar um cigarro, concretamente venenoso, delicioso, e na redundância do desespero, real.
sou velha, historicamente velha, velha de experiência comunicável, velha de narrar. Só sou jovem quando olho meu RG, ele me faz lembrar que não faz tanto tempo que o mundo ainda acreditava na bondade humana.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

- nós, nois.

enfim sós, sois, só.
não faz sentido algum a palavra "só" existir no plural.

sábado, 8 de outubro de 2011

- Tô (r)indo.

enquanto eu vou ficando pra poder rir de dois, passo todo tempo esperando rir de dois...ao invés de rir de um, rir de mim.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

- ronco e durmo.

tava pensando numa coisa, quantas imagens faltam pra mim?
quantas memórias me faltam até o resto da minha vida.
Alguém que nasce cego, sonha com o quê?

quinta-feira, 23 de junho de 2011

- (ca)fé com nostalgia.

quando a gente sente saudade,
o que dói é a vontade de voltar
ou a falta daquilo que falta, aqui no presente?
quando eu sinto saudade, não gosto de pensar em mim.
saudades, nem sei, nem sei mesmo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

- se entrar, apanha.

o lado ruim da morte, é que ela leva todas as lembranças de quem ainda está vivo.

domingo, 15 de maio de 2011

- nós-líricos.

no querendo amar, a gente ama, qualquer coisa amável.
eu disse que era bom assim, e assim é uma coisa a se pensar.
assim de que jeito?
no querendo a amar, a gente não ama, a gente pensa.
que ama.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

- 00:04 ou talvez não.

se um dia você olhar pro computador e confessar tão profundamente seus sentimentos pra ele, consulte sua agenda, veja seus contatos no celular, vá até o quintal e converse com seu cachorro, ligue para sua tia, ligue para o chat line do amor, coloque uma carta anônima para qualquer endereço...mas não faça de conta que ele te escuta e te entende. Por que computadores não são recíprocos e eles não vão suprir o que lhe falta, e nem sequer vão te oferecer um cigarro.
Pronto, me sinto verdadeiramente melhor assim.

terça-feira, 26 de abril de 2011

- em três.

moço faz favor traz mesa pra dois
é que esse aperto no peito não é só saudade não...

domingo, 17 de abril de 2011

- queimando.

sentei na calçada, vi os carros passarem..
sabe quando bate aquela pressa, uma pressa preguiçosa, mas angustiante, uma pressa tão safada, sei lá, senti que tinha que correr e fazer alguma coisa...
não era o arroz queimando na panela..
algo queimava e eu nem sei o que.

sábado, 19 de março de 2011

- bicicleta.

quero ir pra qualquer lugar, onde o sol brilhe mais forte que a luz da geladeira.
quero ficar acordada pra ver.

quarta-feira, 9 de março de 2011

- Pragmática vulnerabilidade do dia a dia.

eu gosto de pessoas que gostam de poucas coisas, ou de quase nada.
sempre quando eu passo por debaixo do viaduto, e tropeço nos paralelepípedos da calçada, penso que poderia gostar de muito mais, mas não gosto pra poder ser ímpar com os meus próprios gostares. No fundo acho até que isso é uma filosofia de vida, não gostar de gente que gosta de tudo, e se irritar com gente que gosta de tudo mesmo.
só sei, que quando eu passo por debaixo do viaduto, eu gosto dos paralelepípedos, e isso faz de mim uma pessoa que gosta de algo tão banal, que sinceramente não posso não gostar de pessoas que gostam de tudo, pois talvez elas gostem tanto das "todas as coisas, ou muitas coisas" quanto eu gosto dos paralelepípedos da calçada. Chego a conclusão de que devo então, não gostar mais deles, só pra manter a minha infindável credibilidade nas minhas próprias teorias, e sempre poder repetí-las sem o estigma do julgamento.
Já disse que desconfio de pessoas com os olhos claros?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

- eu não pedi.

o tempo leva a necessidade
leva o amor
leva a cumplicidade
a parte quente de um amor terno, a parte morna de um sentimento frio.
o tempo vai levando, tirando de nós o que realmente nunca foi nosso
vai, deixa ir.
é hora de sorrir e olhar pra trás.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

- Supersad

Ela acende um cigarro e me convida pra sair
ela poe minha vida de pernas pro ar
e me confunde os olhos antes de dormir
e vai embora pelas quatro da manhã
se eu fico em casa não assisto a tv
se ligo o rádio sempre ouço a mesma estação
prefiro não olhar as fotos pra não ver
que a minha vida não tem tanta emoção
e se eu me afogar em um copo de solução
e se eu for brindar o vazio perdido na multidão?
As horas se confundem no relógio da estação
é quando eu penso que eu estou em paz
é quando eu vejo que foi tudo em vão
é quando eu vejo que eu estou no chão
e se eu me afogar em um copo de solução?
e se eu for brindar com os amigos, esquecer a solidão?

(As horas)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

- calda extra.

tô com saudade de mim. saudade daquelas conversas que tinha comigo, das idas e vindas de um boteco estranho, mas tão aconchegante, na minha companhia.
saudade de dormir comigo, e amar comigo, e ser comigo.
não sei, mas esses tempos ando tão distante de mim, e sinto falta do café que eu tomava comigo, quando o "migo" era o bastante pra mim.
quero tomar um banho de chuva comigo, falar comigo, trocar muitas idéias comigo, beber comigo, me ouvir falar por horas sobre meus problemas, comigo tudo era tão sólido. quero comigo, ver beleza em mim, preciso ver beleza. cantar e escrever comigo. quero andar na rua comigo e olhar as pessoas com aquele "olhar" que só eu mesma entenderia, por isso só comigo que àquelas pessoas parecem fazer sentido, por que quando estou comigo sinto que eu entendo todas as minhas insanas piadas, malditas fofocas, pensamentos deliciosamente intrigantes, mas só tem graça comigo.
Comigo, comigo, comigo, comigo, minha alma gêmea. esvazia o sentido, a repetição de mim, sempre esvazia o sentido.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

- Título.

quase não sobra nada.
nostalgia, um café, um afago.
letras e cantos e gritos e beijos e amor e amor, amor
o que mais pode ser, além da inquietude de não enxergar a beleza de querer ser a beleza, da sombra, da vida.
eu só quero, eu sempre quero, eu beijo o querer
sabe, acho que nada nessa vida pode, nada pode, tudo é tão frágil e rígido.
eu gosto mesmo do som dos cubos de gelo se beijando no copo, se beijando no derreter, enquanto eu bebo e nada derrete
derrete, derreta, me ame.
livre.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

- marmita.

Dois maços, um malboro vermelho e um free.
Duas escovas, um bem velha e outra antiga mais novinha, não sei se é, ou se pode ser.
só sei que faço e depois eu vejo.
um romance, uma rotina.
não sei.