segunda-feira, 11 de maio de 2009

- A última vez que vi Anne.


Da última vez que encontrei Anne, foi em 99
E me lembro do seu perfume adocicado, e seu cachecol vermelho sangue
A gente tomou um conhaque, e trocou mágoas por uns segundos.
Ela disse que desejou beijos e flores, e que conseguira isso
Só que hoje não faz mais sentido, e aquelas doces mentiras
e as desilusões de um quase-amor quase-perfeito.

estava escuro na Pub, mas ainda conseguia ver seu sorriso dolorido
e as marcas tristes que o tempo marcou na sua alma infantil
e quando lembro de seu perfil, vejo beleza onde não há.

Antes de se magoar com mentiras que ela adorava repetir
disse num tom grave, que Pietro havia se casado
e com uma moça de olhos cor-de-mel, disse isso com inveja nos lábios.
Já eram doses de solidão que engolia sem pensar
e o filtro não filtrava mais nada.
Anne falava como quem fala a um Vigário
como se eu pudesse absolvê-la de seus momentos de fraqueza.
e assim ela repetia suas doces mentiras, tentando
convencer a mim, de que um dia foi feliz
mas as coisas acabam, e o amor não é tudo - Dizia.

Continuamos com filosofias pós-meia-noite
vira-e-mexe ela repetia suas doces mentiras.
A essa hora a gente diz o que não quer
mas eu ainda tentava estabelecer silêncio no meio de tantas palavras ditas.

Hoje quando acordei, e me vi diante ao espelho
percebi que Anne envelheceu dez vezes o que deveria.
Mas o que dói, é que eu estatizei e me vejo cada vez mais inexperiente.
Anne me disse que cada dez coisas que falamos, pelo menos oito são frutos de um pensamento incompleto
e a cada dez que escrevemos, as dez servem para que abafemos as palavras e contemplemos o silêncio que destas advém.

Ainda ouço as doces mentiras de Anne, e acredito que sejam sinceras.
A gente ouviu Joni Mitchell
e percebi que Richard seria ótima companhia para Anne
e os meus dedos resolveram mentir pra ela, e escrever isto aqui.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

- Nota 1.

Divagações. Entre todos os ponteiros desse relógio
existe algo que pulsa, que adverte, que pune.
As horas fazem da vida, uma contínua régua, tudo se "milimitra"
nada é eterno, o tempo não é limite, o limite vai além disso.
Dentre todas as promessas que deixei de fazer à mim, uma delas me chama atenção:
Não poupar o tempo, gastá-lo por inteiro, consumí-lo em sumo;
mesmo que por 5 minutos, segure entre meus dedos, o inseparável ardor de um capricho. Eu posso sentir seu cheiro, esvaindo pela fumaça cinza, que tanto combina com meu humor demodê, quase blasè.
Ouça, eu posso ser meio entediada ou entediante, mas ainda tenho o ímã, que prende, qualquer coisa oposta.
Escuta, eu posso partir a cara, posso cair mil vezes, mas os amores eternos da minha vida, serão sempre eternos, perpétuos, fadados a serem lembrados como unânimes, e serão fadados a lembrarem do meu ego, como imagem de uma mancha cinza, que sumiu, como a fumaça do cigarro que desentope meus sentidos.
Ouça, eu acredito nas horas, mas não confio nelas. Acredito nos dias, mas não confio neles. Acredito nos anos, mas não a eles deposito minha confiança. Eles traem meu rosto, traem minha mente, traem minha cabeça que ainda está parada em algum lugar durante o percurso.
Ouça, eu travei aqui, uma batalha interminável, entre eu, o tempo e o tempo.
Escuta, eu não preciso ganhar...
entenda, eu só não quero perder.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

-

O mundo não é. O mundo está sendo.
.