terça-feira, 29 de dezembro de 2009

- Cerveja Gelada.

Só pra constar, eu ainda fumo no banheiro social.
E estou farta de poemas rimados, cansados,ocos, típicos de quem não tem o que dizer.
Além disso, estou cansada de ter de usar pontos e virgulas pra separar o inseparável.
Olha, sinceramente, eu estou é cheia, de ter de escutar pessoas falando coisas que não querem dizer, e só dizem para mostrar um lado patético do que eles temem, do que eles odeiam, e querem ser.
Pode até ser dadaísta, anti-arte, mas eu acho o Chico Buarque incompreensível as vezes.
Acredito nas coisas que fazem sentido ser ser, sem fazer. Acredito nos poemas desconjuntados, nas palavras de amor grotescas, no ritmo mais "aritmado", eu acredito é na pureza do cínico, nas conversas de boteco, e que todas as cervejas, são, de fato iguais.
Eu quero sim, é um dia ter de fumar o cigarro mais barato, e talvez ter problemas de saúde. Mas e aí, quem pode mandar em mim, além de mim?
Eu quero é que se danem os undergrounds, os parasitas das vanguardas que não existem, eu quero é que se desiludam os que acham que são os primeiros ou os últimos a dizer, ouvir, ver ou ser alguma coisa. Eu quero é que as métricas, os sonetos, e as poesias ultraromânticas, vão pro inferno, porque elas não dizem nada, nada do que todo mundo já não saiba. Nada que uma boa noite de amor (ou sexo), não diga.
Eu quero é que Jack Kerouac enfie na sua magnitude intelectual - beat generation, toda a sua ignorância, porque o que ele diz, eu vejo todo dia, aqui na favela onde eu moro. É Sério, vejo todo dia, adolescentes bêbados, experiências sexuais, contrações filosóficas...
E, eu quero também, que as pessoas vejam, vejam. Que as pessoas entendam o valor de escutar uma música, e ela não ter nada a te ensinar, que ela apenas te faça sorrir, por que ela só existe pra te fazer sorrir. Que esse bando de gente chata, que nunca escutou uma boa música ruim pra se divertir, entenda que a vida é "ilógica", e as coisas podem ser alheias, e babacas, e não há problema algum nisso, porque todo mundo foi e é alheio, e consequentemente, babaca.
Eu estou dizendo tudo isso, porque, as pessoas só falam disso. Vegetarianismo, teatro alternativo, música alternativa, Chico Buarque,Cinema Brasileiro, Beat Generation, Stones...É uma baita falta de criatividade, todo mundo se julgando diferente dizendo coisas iguais, que, talvez elas nem gostem. Eu digo isso, porque se você vai a um boteco, dar risada e jogar conversa fora, você tem que aguentar as pessoas discutindo coisas, que outras pessoas são pagas para discutir.
Meu deus, vamos ser mais verdadeiros, mais felizes, mais bobos, mais humanos. Vamos ser "a gente" mesmo.
Eu acho, de verdade, que disse essas coisas, porque queria muito ter saído de casa hoje, e ido conversar com as pessoas sobre coisas idiotas e beber uma cerveja gelada, daí, é lógico, ninguém estaria disponível, hoje é segunda. E daí, é que eu tô aqui, em frente ao computador, tomando uma cerveja gelada. E trocando uma idéia com ele. E mais tarde, certamente vou terminar de ler o livro do Jack.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

- vinte e sete.

Não há renovação, nem renascimento.
Hoje, dentro de mim, há uma saudade
uma saudade do que eu queria ser
uma saudade de um amor, um amor que me nutria.
hoje em mim, há a presença, a presença de um lugar vazio, que vai sempre estar vazio
não importa o que eu peça a deus. Não importa o que eu deixe de pedir.
Não importam meus erros, nem meus acertos.
hoje, resta em mim, a cadeira vazia na cabeceira da mesa
hoje, resta o violão encostado na parede, sem movimento.
hoje, o toca fitas, não roda mais sons da viola caipira
hoje, a coxa do frango vai ficar lá, e a cerveja vai sobrar
hoje, o lado cheio da cama, fica vazio
hoje, o chinelo de tiras azuis, vai ficar parado no canto da sala
e o abraço protetor, não existe mais.
agora, é cada um por si, e deus, oras, deus por nenhum
hoje, o que sobrou pra mim, foi a falta.
a falta do que era "nós", a falta de mim.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

- Imune.

Solta, como uma palavra proferida,
Perdida, tanto quanto um pensamento confuso, daqueles que confundem o inconfundível
Racional, muito racional.
Apática, empática, simpática
Feliz, contemplada com a imunização do saber e existir, ser
Sentindo saudade do que ainda não partiu
Difusa, confusa, esperando uma escolha, um karma
Estou em fuso horário, estou no bom - senso, estou sensata!
Concisa, coesa, completamente desintegrada, fragmentada...porém unificada num desejo.
Ah, que furor, que fugaz, que adrenalina que corre nas minhas veias, que propósito inerente às minhas convicções
Que sonhos malucos, que palavras doidas, que vontade de sair e mostrar como é lindo, ser triste, feio, completo, "metamórfico"!
que liberdade, que nada, eu quero sempre ser presa à alguma coisa, aos meus conceitos e convicções
a liberdade é enganadora, é falsa, é ditadora, é simplista demais!
A liberdade é folha, é pedra, é areia.
Liberdade é fogo, é agua, é mar, é beijo.
Eu não, eu não sou, nem quero ser.
a liberdade não ama, a liberdade não quer amar
A liberdade vicia, é droga, é utopia, é conto...eu quero é deitar em algo que me queira acolher.
quero cair nas mãos de quem queira acariciar
A liberdade não se prende a ninguém.

domingo, 8 de novembro de 2009

- Os quandos.

- Quando?
- Não sei, ora, veja bem, tudo é relativo. Vamos analisar a situação. Mês que vem quem sabe.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

- Ouvir o som do teclado.

Ela ia escrever algo sobre Patagônia, Madagascar,Artesanato e Malabares, Argentina, Santa Catarina e a vida livre de sutiãs.
Ia dizer quão grande é o sentimento que pulsa, explode, transcende dentro dela.
Ia falar dos planos da adolescencia e como todos eles foram se perdendo num tempo humanamente cruel. De como o mundo arrancou os sonhos fantásticos, lunáticos, cheios de uma fantasia frenética, e substituiu-os por sonhos racionais, sem brilho, sem asas quebradas. Sonhos baseados em quanto tempo e dinheiro ela precisa gastar por eles. De que amor ela vai ter que abrir mão, para praticar o amor próprio. De quanto trabalho ela vai ter que levar para casa.
Ela ia dizer sobre os bons 15 anos, das amigas inconsequentes, das bebidas adocicadas pela ideologia de liberdade.
Ela ia contar sobre seu primeiro trago, como a fumaça lavou sua alma.
Ia falar sobre como a Nostalgia a retira dos dias difíceis, os dias em que as lembranças partem seu corpo e consciência, dos dias em que a dor lhe causava melodias violadas.
Ia contar de como o pré-morte é divertido e assustador, de como o pós-morte é tal qual a vida.
Ia falar dos amores, amores que nunca amou.
Ia falar dos dias de hoje, os quais ela repete a mesma sequência, a sequência de erros, a sequência de acertos, a sequência passos, a sequência ônibus, a sequência de olhares, a sequencia de fotografias imaginárias.
Ia falar sobre escrever. Ia dizer justamente, que quanto maior for a produção de ideias transcritas, maior é a tristeza, a tristeza é inspiradora, é a fonte.
Ia dizer como Jack kerouac e Richard abriram seus olhos para algumas coisas.
Ia dizer sobre o amor em sua forma física, o amor em seu estado real. Ia falar sobre a ilusão, sobre como ela destrói um estômago.
Ia falar de seios e maquiagem, sobre como eles conseguem fazer com que as ideias femininas sejam aceitas com louvor, como eles manipulam coisas "imanipuláveis", pra ela é um mistério.
Ia falar sobre a vida, e as coisa inúteis, e até fúteis que ela abriga.
Ia falar de justificativas, sobre como elas são dispensáveis depois de um erro.
Ia falar da vida, sobre as coisas que acontecem na sua, dos detalhes que compõem sua amadora vontade de ser.
Mas daí ela pensou: Pra quê?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

- Nêga.

Ele achou uma nêga.
Uma nêga para passar a vida inteira.
"Que lhe maltrata, machuca e lhe fundi a cuca".
Mas apesar das dores repentinas ele sonha lhe dar um vestido branco e firmar compromisso.
Uma nêga de pele branca, olhos escuros e sentimentos claros.
Uma nêga diferente no jeito de ser e na maneira de pensar.
Uma nêga não Amélia, uma nêga feminista, feminina.
Uma nêga que se parece com ele de formas totalmente diferentes.
A amiga e a amante.
A admiração fisica e psicológica.
A vontade de estar, bem estar.
"Que nêga é essa?"

(Henrique Almeida)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

- Toques.

Primeiro toque: ela pensa em atender, mas considera a possibilidade de ouvir o que não quer.
Segundo toque: ela finge ignorar, sem pensamento algum de consequência.
Terceiro toque: ela repensa atender, mas considera a possibilidade de dizer o que não quer.
Quarto toque: ela desiste de atender.
Quinto toque: ela desiste de desistir.
Sexto toque: ela sai correndo em direção ao toque, pulsante, ofegante, cheia de um desejo imenso de ouvir e dizer o que quer e o que não quer...
mas ele pára, e há silêncio.

sábado, 3 de outubro de 2009

- Um pote. (6570º dia)

À partir de hoje, ela pode beber.
À partir de hoje, ela pode fumar.
À partir de hoje, ela pode ir pra um Motel.
À partir de hoje, ela pode ser presa.
À partir de hoje, ela pode ser julgada por seus erros.
À partir de hoje, ela pode ela pode dançar em boates.
À partir de hoje, ela pode dirigir.
À partir de hoje, ela pode prestar concursos públicos.
À partir de hoje, ela pode se casar.
À partir de hoje, ela pode ser eleita.
À partir de hoje, ela pode eleger.
À partir de hoje, ela é obrigada. A fazer, só fazer.
À partir de hoje, ela pode assistir filmes adultos.
À partir de hoje, ela pode ir sozinha ao médico.
À partir de hoje, ela pode ir à excursões de escola sem autorização.
À partir de hoje, ela pode comprar bebidas no supermercado.
À partir de hoje, ela pode fazer tudo que já fazia antes, mas com o peso de estar direito. Certo, contido.
À partir de hoje, ela pode olhar com nostalgia sua infancia, e com arrependimento sua adolescência, que deixou tantas coisas mal feitas, tantos erros incorrigíveis, tantos machucados "incicatrizáveis", tantos caminhos certos para trás.
À partir de hoje, as lembranças podem se tornar distantes.
À partir de hoje, o futuro chegará mais rápido, mais amedrontado, mais tímido.
À partir de hoje, ela pode olhar seu quarto e desejar não ficar muito tempo nele.
À partir de hoje, os sonhos não podem mais ser financiados, apenas pagos à vista.
À partir de hoje, as noites serão mais curtas, e os dias mais cansativos.
À partir de hoje, tudo que acontecer na vida dela, será repetido, apenas com novos nomes.
À partir de hoje, o que ela pode esperar, é um bom dia, boa noite, obrigada.
À partir de hoje, ela é obrigada a fazer do dinheiro uma rotina.
À partir de hoje, não vai haver possibilidade de novos melhores amigos.
À partir de hoje, ela pode esperar o amanhã com a certeza de que ele tem nome.
Mas à "partir de hoje", ela não queria ter de fazer essas coisas, esses maus e bons direitos e deveres. Hoje ela não queria nada disso, ela não deseja nada dessas coisas as quais ela já carrega consigo antes do "à partir de hoje".
Hoje e "à partir de hoje", ela só queria ter sorrisos sinceros e livres...e um pote de sorvete.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

- Verossímil.

Dificuldade imensa de assumir-se em todos os erros e acertos.
De cumprir compromissos, de assinalar a certa, dentre as erradas.
De fugir do marasmo, de obter dores.
Dores de apatia, dores de partida.
Se esvai, a possibilidade de continuar sentindo a falta de sentimentos.
A falta de efervecência, de fugacidade.
Dificuldade em resolver problemas, reais, em resolver problemas matemáticos, lógicos, biológicos.
Em guardar o último cigarro para o melhor momento.
Capacidade de acendê-lo na hora exata em que não podia.
Ah, metáforas, antíteses e paradoxos.
Ouvi alguém, num dia próximo a este, dizer Trovadoresco, achei engraçado, mas é tão sintético.
Debochadamente, eu ouvi isso também.
Eu ouço, só ouço, mas o verbo ser / estar, não cabe mais em mim.
Não serve.
Tanta coisa pra viver, e eu aqui, dissertando um "fato inexistente", impalpável, mutável, variável, volúvel.
Não sei se isto é prosa, se é poesia ou se é uma conversa de telefone com alguém que não tenha nada pra fazer, e se dispôs a ouvir.
Eu nem quero acreditar em prosas e poesias.
Eu nunca acreditei,me sinto como Zé Fernandes, como Jacinto Tormes.
Que busca é essa incessante pelo intangível, inexistente?
Definitivamente, eu acredito na incerteza, na indecisão, na relatividade, no Candomblé e nos porquês dessas vidas que me compõem.
Eu sou adepta à loucura, ao enlouquecimento comedido, do medo em querelas, das coisas que não fazem sentido, adepta de mim, da verossimelhança entre eu e Eu.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Neusa Sueli.

Neusa Sueli carrega seu corpo como se carregasse um saco de cimento.
Ela maquila seu rosto como se pintasse aquela boneca velha, àquela que ela nunca teve.
Neusa Sueli se ama, como ama um saco plástico jogado na rua.
Ela se vende como se vendesse balas no trem.
Neusa Sueli sofre, como sofreu um dia alguém como ela.
Ela fala a verdade como uma atriz de revista.
Neusa Sueli sente pena de si, como sente da mediocridade dos que a rodeia.
Ela fala com os outros, como se falasse com um empresário.
Neusa Sueli, faz negócios importantes todo dia, tão importantes como os cafézinhos pagos a quem finge que não vê.
Ela é tão importante quanto os anônimos, os indigentes.
Neusa Sueli, espera sua estrela, como Macabéia, mas não há estrelas para quem não sabe ver.
Ela fuma cigarros franceses, como os dos pedreiros, os civis.
Neusa Sueli, paga por um prazer e recebe por outro.
Ela foge, assim como os presos a cadeiras de rodas.
Neusa Sueli tem 29 anos, assim como a Suzana Vieira.
Ela é tão bonita, quanto as impurezas que pratica.
Neusa Sueli chora, como criança.
Neusa Sueli chora.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

- O som dos cubos de gelo.

É um som melancólico, aveludado, triste. Delineando as próximas reações. Colocando as palavras na boca de quem ainda pensa em não pronunciá-las.
O seu silêncio comedido, vai me fazendo gritar por dentro, acaba por me ensurdecer.
Vamos esperar nossa próxima parada, vamos aguardar onde seremos jogados pra fora um do outro. Qual será a próxima regra quebrada por infratores insanos, por mendigos de um amor de migalhas?
Temos recolhido os farelos que caem dos nossos corações cansados. E vivendo de restos, vivendo de meados, meros, apenas, só.
O veludo da música, é Etta eu acho, vem trazendo as memórias inventadas por nós, nossas vaidades de areia, nosso universo de vidros sem nenhuma transparência.
Que dia difícil tivemos hoje, e tudo que eu desejo agora é ter inspiração, pra que o meu silêncio faça algum sentido.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

- Pessoal.

Esses últimos textos breves, sintetizam minhas poucas palavras, a tantos acontecimentos breves.
O amor, retificando, não é tudo, com ele vem a ternura e a necessidade.
Tem sido tão pessoal esse café, acontece, que a vida se tornou uma fábula, e se mistura com os personagens. Esqueçam essa fase café, e esperem a nostalgia.

domingo, 2 de agosto de 2009

- Porcelain

Era de porcelana.
Tão frágil como minhas dores.
Tudo acaba, o amor não é tudo.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

- Eletrônica.

Quando trascende, a gente cai de amores.
Eu nunca tive uma secretária eletrônica, mas se tivesse, ela sempre estaria vazia.

domingo, 26 de julho de 2009

- Navalha.

Em meio a tantas contravenções, reclamações, censuras e críticas; finalmente vamos consolidar um sonho antigo.
Navalha na Carne (Plínio Marcos), será montada pela companhia (pequena e amadora estruturalmente, porém com uma ânsia enorme de teatrar e impressionar) Transcendências.
Estamos há quase dois meses estudando sobre a peça, decorando texto e aprofundando cada fala de cada personagem, e já notamos que agora vai!
É notável a nossa alegria em trazer à tona, tantas verdades enrustidas numa realidade tão explícita, e a vontade de concretizar essas cenas dolorosas em um único ato, é gigantesca.
De um jeito estranho, digamos até excêntrico, compomos cada passo, cada sentimento que essa peça tem a mostrar, é um longo caminho até a verdade, que é o que predomina em Plínio.
Enfim, só queria expor quão grande é a vontade, o desejo que temos, em voltar aos palcos com esse peso.
Agradeço desde já, a paciência de Roberto, nosso velho e querido amigo diretor e conversador, ao Thiago, que estréia no palco com muita originalidade e profundidade, numa peça de peso e desprovida de milongas e ao Willian, que apesar de faltar muito, vem mostrando outro lado de seu talento.
Que para nós, venham bons ventos, bons palcos e boas platéias. Que consigamos, depois de tantas tentativas (Anjo Negro e O Beijo no Asfalto), fazer acontecer o Teatro em carne viva, viva e vibrante. Que consigamos fazer renascer aquele espírito de quando tudo era novidade, uma novidade que mudou nossas vidas e rumos, que abriu nossa cabeça como se fosse uma explosão de realidade, há 4 anos atrás. Quando éramos crianças eufóricas por um pedaço de arte, de espaço, que nos foi oferecido com todo ardor, pelo Ouviver e professor Ulisses, o grande responsável por guiar cabeças e almas, por esse caminho tão espetacular, que a mentira consentida, a enganação digna.
Um abraço a todos, espero que esses votos mal escritos, se tornem fatos consumados.


ps: Satyros, nos aceite!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

- Nota três.

Ela atendeu o telefone no primeiro toque.
Mas desligou depois da primeira palavra.

domingo, 12 de julho de 2009

- Meros, apenas, só.

Tudo, engasgado, dedos.
Tudo, quer, sair, não, sai.
Quer, escrever, não, dá.
Quer, mentir.
Quer, falar, verdade, toda.
Quer, arrumar, ordem.
Preciso, abrir.
esses corpos que me fecham.
essas, caras, que, assustam.
essas, frases, que, me, matam.
sufocam.
preciso, de, mais, letras, alfabeto.
quer, voar, sair, de, dentro, de, mim.
quer, ouvir, coisas.
ver, outras.
não, faz, o, menor, sentido.
tudo, fragmentado, em, pequenas, desculpas.
tudo, virgulado.
assim, eu, me, acabo, em, suposições.
mais, eu, venha, espero.
não, pode, ser, apenas.
um.
uma, loucura, virtual.
apenas, isso.
me, perdi, no, que, acredito.
me perdi, no, que, conheço.
o, desconhecido.
eu, sou.
eu, vejo, muito, pouco.
quase, nada, do, que, gostaria.
do, que, existe.
Deus, eu preciso de um cigarro, preciso de ar.

domingo, 5 de julho de 2009

- Paradoxal.

Ainda insisto em uma ideia, meio paradoxal.
A tristeza a(s)cende minhas vontades e aptidões com as palavras, mas retira meu ânimo para que eu chegue até aqui. Em contrapartida, a alegria me ofusca, me torna convencional, aberta - Feliz - , porém certa, contida.
Adoro ser feliz, mas quando sou, me sinto apenas uma. A tristeza, me transforma em várias, em muitas, em grupo.
A tristeza me revela faces de mim, as quais são ocultas quando libero um riso.
Esses dias em que estive ausente, foram os mais felizes de minha vida, e esses, não possuem registros, pois são demodês, lindos, completos. Eles, por si, se poupam de comentários, e eu os obedeço, com um filho - exemplo.
O mesmo ocorre com as fotografias. Não lembro de fotos felizes, lembro das tristes, das nostálgicas. Os filmes tristes me marcam, os alegres, me fazem rir apenas. Estranha maneira de amar a tristeza. Estranho egoísmo, em se ver em várias quando se está triste.
Alegria é fácil, é simples, é sublime - eu diria - , mas é fato consumado. A tristeza é vaga, misteriosa, complexa e hostil. É a oportunidade que eu tenho, de descobrir de quê tenho medo, de quê me componho, quando componho.
Hoje, eu estou feliz, talvez seja esse motivo, pelo qual, esse fragmento se tornou tão demodê (como disse), tão prosaico. Mas estou em êxtase. Feliz, completa. Simples de ver, de ouvir.
Assisto à comédias, ouço músicas dançantes, aprendo o amor em sua forma mais sucinta. Mas não me sinto, não me aprendo, não escrevo.
Prefiro a arte de rir ( a frase mais clichê), do que a arte do autoconhecimento.
Pra quê me conhecer, sob todos os ângulos, sendo que, quando estou feliz, todos me conhecem sob o ângulo mais limpo?
É jogo sujo.
Eu sei.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

- A última vez que vi Anne.


Da última vez que encontrei Anne, foi em 99
E me lembro do seu perfume adocicado, e seu cachecol vermelho sangue
A gente tomou um conhaque, e trocou mágoas por uns segundos.
Ela disse que desejou beijos e flores, e que conseguira isso
Só que hoje não faz mais sentido, e aquelas doces mentiras
e as desilusões de um quase-amor quase-perfeito.

estava escuro na Pub, mas ainda conseguia ver seu sorriso dolorido
e as marcas tristes que o tempo marcou na sua alma infantil
e quando lembro de seu perfil, vejo beleza onde não há.

Antes de se magoar com mentiras que ela adorava repetir
disse num tom grave, que Pietro havia se casado
e com uma moça de olhos cor-de-mel, disse isso com inveja nos lábios.
Já eram doses de solidão que engolia sem pensar
e o filtro não filtrava mais nada.
Anne falava como quem fala a um Vigário
como se eu pudesse absolvê-la de seus momentos de fraqueza.
e assim ela repetia suas doces mentiras, tentando
convencer a mim, de que um dia foi feliz
mas as coisas acabam, e o amor não é tudo - Dizia.

Continuamos com filosofias pós-meia-noite
vira-e-mexe ela repetia suas doces mentiras.
A essa hora a gente diz o que não quer
mas eu ainda tentava estabelecer silêncio no meio de tantas palavras ditas.

Hoje quando acordei, e me vi diante ao espelho
percebi que Anne envelheceu dez vezes o que deveria.
Mas o que dói, é que eu estatizei e me vejo cada vez mais inexperiente.
Anne me disse que cada dez coisas que falamos, pelo menos oito são frutos de um pensamento incompleto
e a cada dez que escrevemos, as dez servem para que abafemos as palavras e contemplemos o silêncio que destas advém.

Ainda ouço as doces mentiras de Anne, e acredito que sejam sinceras.
A gente ouviu Joni Mitchell
e percebi que Richard seria ótima companhia para Anne
e os meus dedos resolveram mentir pra ela, e escrever isto aqui.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

- Nota 1.

Divagações. Entre todos os ponteiros desse relógio
existe algo que pulsa, que adverte, que pune.
As horas fazem da vida, uma contínua régua, tudo se "milimitra"
nada é eterno, o tempo não é limite, o limite vai além disso.
Dentre todas as promessas que deixei de fazer à mim, uma delas me chama atenção:
Não poupar o tempo, gastá-lo por inteiro, consumí-lo em sumo;
mesmo que por 5 minutos, segure entre meus dedos, o inseparável ardor de um capricho. Eu posso sentir seu cheiro, esvaindo pela fumaça cinza, que tanto combina com meu humor demodê, quase blasè.
Ouça, eu posso ser meio entediada ou entediante, mas ainda tenho o ímã, que prende, qualquer coisa oposta.
Escuta, eu posso partir a cara, posso cair mil vezes, mas os amores eternos da minha vida, serão sempre eternos, perpétuos, fadados a serem lembrados como unânimes, e serão fadados a lembrarem do meu ego, como imagem de uma mancha cinza, que sumiu, como a fumaça do cigarro que desentope meus sentidos.
Ouça, eu acredito nas horas, mas não confio nelas. Acredito nos dias, mas não confio neles. Acredito nos anos, mas não a eles deposito minha confiança. Eles traem meu rosto, traem minha mente, traem minha cabeça que ainda está parada em algum lugar durante o percurso.
Ouça, eu travei aqui, uma batalha interminável, entre eu, o tempo e o tempo.
Escuta, eu não preciso ganhar...
entenda, eu só não quero perder.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

-

O mundo não é. O mundo está sendo.
.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

- It's

Figura em mim, os movimentos doces, de um doce de leite.
Cai sobre mim, o fino tino da melodia doce, deleite.
Esbalde sobre mim a doçura do saber e ver, sentir - comer - num doce deleite.
Saliva em mim, a água doce, que vem do doce da boca, hum, é de leite.
Cada passagem fúlgida, cada passo certo, cada grão de açúcar, que compõe os doces, o de leite.
Faça-se em mim, um doce, é leite com doce, é um doce deleite, é calmo e intenso, é doce.
Eu sumo, eu viajo, eu voo, a cada doce, a cada doce que percorre minha boca, minha fala.
Eu transbordo em mim, ao ver o deleite que me faz o seu doce.
Eu me rendo a sentir o doce, o leite, o deleite, o fim.
Figura em mim, o estase doce - fixo - parado. Um doce de leite, um deleite.


em amor.

terça-feira, 17 de março de 2009

- Tonal.

Sentimentos são demodês.
O mundo é tão frio quanto os sonhos.
Eu queria esquecer, mas não.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

- Ctrl.

Escorreguei.
Nas palavras não ditas
nas linhas retas de um amor abstrato
no ardor de um ciúme imediato
no pico de uma íngreme desilusão
na fato marcado, na foto amarelada
digitalmente corrigida com leves pinceladas de felicidade
forjada, num cenário debochado, de quem quer fingir amar.
Escorreguei no fim da fila.
Escorreguei no degradê dos sentimentos
No décimo terceiro mandamento
que alguém certamente criará.
Eu deslizei nesse caleidoscópio de imagens fulminantes
Velejante, impactante, e sem nexo em rimar.
Eu escorrego nas palavras, nas bocas de quem fala, e na boca de quem quer beijar.
Deslizo nas mãos de quem persegue, nas mãos de quem me negue o desprazer que me negar.
Eu escorrego nos olhos de quem me vê, e no olho de quem me enxerga.
Eu caio, eu caio, eu caio.
Eu escorrego: a minha mente, delinqüente, quase eloqüente...
que mente. Que mente.