quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

- Amanhã eu fiz.

Ontem eu farei minha liberdade.
Ontem eu concretizarei meus sonhos.
Ontem eu planejarei meu dia.
Ontem eu conquistarei montanhas.
Ontem eu beijarei o mundo.
Ontem eu transarei com o mar.
Ontem eu renovarei a vida.
Ontem eu amarei o vivo.
Ontem eu falarei com deuses.
Ontem eu fugirei do certo.
Ontem eu colherei os frutos que foram plantados amanhã.
Ontem eu sonharei contigo.
Ontem eu mergulharei na alma.
Ontem receberei meu habeas corpus
Ontem arrancarei meu íntimo.
Ontem matarei a ânsia.
Ontem eternizarei palavras.
Ontem cederei meu própolis.
Ontem fabricarei meu mel.
Ontem embriagarei meus olhos.
Ontem assinarei a paz.
Ontem, ontem eu farei o sol brilhar mais forte.
Ontem, eu inverterei os tempos, reais...verbais.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

- Álgebra, geometria - Anatomia.

Fiz dos concorrentes, paralelos.
Essa é a matemática dos amantes.
A geometria do imensurável.
Meça o amor...
e encontrará a razão por que números são infinitos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

- Nu (Parte II)

O seqüestro aconteceu.
Levou o mais caro, o mais raro.
Usurpadores de máscaras idênticas
enfileirados nas paredes das ilusões precipitadas
Vieram na gritada da noite
Os gritos se confundiam com a chuva de pesadelos
E os pesadelos se confundiam com a aparente realidade.
as placas sinalizavam o caminho errado
era exatamente lá que estava o desejo.
entre os gritos, pesadelos e mentiras
havia o precipício das hipocrisias, lá ficavam os obstáculos para aproximação
Depois, passaram pelas flores caídas, a parte boa que caia sobre o chão banhado de gotas pesadas
Chegaram à prisão, onde estavam os amados.
Libertadores, libertinagem, lixo.
roubaram.
Roubaram a certeza da mente, roubaram a satisfação a ser sentida
satisfação em feto, satisfação sendo gerada, no ventre da mãe - imaginação.
Invadiram minha mente.

domingo, 12 de outubro de 2008

- Nu.

Compreensão exata.
Pare de olhar pela fechadura, não há nada o que ver.
Não fume, mas..., mais.
Não beba, não se embreague.
Não se drogue, não ame.
Não ouça roque, não cante Joni.
Faça suas tarefas escolares, não sorria.
Não minta, não cumpra.
Não faça, não faça.
Mantenha-se longe do fogo, queime-se na absoluta certeza de nada.
Não quase-morra, não pense.
Não pense, não crie.
Não fuja, não fique.
Não mate, não nasça.
Não seja ruim.
Não seja bom, bem, seja mal.
Não escreva, não.
Não diga não.
Não.
Não.
Não seja louco.
Seja funcional, seja assim.
Seja isso, seja assado, seja aquilo outro, aquilo mais.
Seja fraco e obediente.
Pegue o controle da TV, mas aumente, não mude.
Cale-se e siga.
Siga.
Não desvie o caminho.
Desvie dos caminhos errados.
Ande, mas não muito.
Pare mas nem sempre.
Não grite, não pule.
Não pule.
Não beije.
Não transe, não transe.
Não acredite.
Porra, acredite.
Não abra os olhos. Pronto, pode abrir.
Não acenda a luz, não apague.
Idiota, não mije aí.
Ei mije aqui.
Não pode, não pode.
Coloque roupas.
Tire a roupa agora.
Não pode!
Não pode?
Não pode.
Marionetando as nossas vidas
Controle - não - remoto.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

- Igual. Quase igual.

Quase tudo começa com quase. As semelhanças são "quase". A vida é um quase, um quase morrer, um quase nascer, um quase.
Eu quase não tenho vontade de vir, e vim, por que ainda me restava o quase.
Estávamos, eu e a vida, apagando algumas memórias quase vivas ainda, e quando percebi que precisaria de vinte CDs para que quase todas fossem guardadas - Quase desisti.
Paranóia com o quase hoje, e não sei bem o motivo. Percebi que essa palavra engraçadinha, é mais imponente do que qualquer outra. As coisas podem ou não acontecer, é aí que entra o "quase", que desmancha o acontecimento, pois o "quase" acontecido - De fato não aconteceu.
Outra perspectiva, esta extremamente pessoal, é que o "quase" se utiliza para que aquilo que desejamos ter ocorrido chegue mais perto da veracidade. É como se quando disséssemos "Quase Ganhei" estivéssemos mais próximos da vitória. Ou "Quase Perdi", traduz o desejo de mostrar a todos que venceu o fracasso. É nítida a presença do quase. Ele é infalível para descrever fatos empolgantes, e sonhos "quase" realizáveis.
O problema, é quando sua vida se torna um amontoado de "quases", que você esconde debaixo da cama para não exibí-los. Escondendo sua coleção brilhante de erros. Quando você se depara com um "quase" logo vem na sua cabeça, que o locutor está mentindo, como: "Eu quase fui na sua casa ontem", não, isso de fato é mentira. E você sabe.
Uma grande besteira, não?
É. Estou sem espírito para ditar coisas. Na verdade estou sem imaginação, mas deixa pra lá, sem espírito e sem imaginação - "São quase iguais".

domingo, 31 de agosto de 2008

- Em 1ª pessoa.

Vestidos com as roupas de Deus
Desprovidos da indecência (sub) humana
Desenhando com a ponta dos dedos
as curvas não-perigosas do desejo.
Ora cola, ora fala, ora cala...
é assim.
Olhos, bocas e beijos
Bocas, olhos e abraços
Boca-olhos-beijos-abraços.
Amor individual, reproduzir amor sozinho é assim.
Amor em 1ª pessoa.


ps: breve.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Me dê 1 hora.

25 horas por dia ocupada demais para meus caprichos. 25 horas por dia tentando inventar uma boa desculpa para justificar minha ausência, tentando ocultar a vedadeira desculpa. 25 horas por dia preenchendo esse vazio, esse oco, esse monte de palavras misturadas - juntas não somam uma ladainha. 25 horas por dia, tentando estendê-lo por 26. 25 horas por dia, ligada no 220, "pára - noiando" mil coisas sem sentido.
Jogado às traças, feito meus pensamentos sórdidos.

sábado, 16 de agosto de 2008

- Azul - marinho.

Entre meados de solidão, meu corpo pede arrego aos meus sonhos imensuráveis.
As folhas caídas nas calçadas fazem um Ballet magnífico, que chama atenção de quem é minimalista. Eu nunca as vi dançar.
Entre linhas tortas fui escrevendo meu presente, ignorando a possibilidade de um futuro, e incrivelmente me vejo no futuro em branco que escrevi com caneta transparente. Tudo evidentemente marcado a luz da ausência e da saudade. Advérbios.
Opacidade, dilacerado é o meu orgulho de saber quem era, e hoje repugnando o que descobrir que sou. Tudo tão explícito. As histórias noturnas perderam o sentido interno, e a minha vida se tornou tão egoísta que não me deixa viver. Está pesado demais acordar e repetir a seqüência quase-lógica "pré-destinada" aos incapazes de fugir as exceções, cumprindo sempre a mesma regra padrão.
Eu continuo dando valor as coisas simples, esperando que um dia me torne uma delas.

Ainda sem palavras, repetindo o dito há dias atrás.Encontro em meus fracassos internos motivos pra manter os dedos inertes. A felicidade me apaga, e a tristeza me nutre. Entre essas duas, fico com a terceira.

sábado, 9 de agosto de 2008

- A última vez que vi Anne.

Da última vez que encontrei Anne, foi em 99
E me lembro do seu perfume adocicado, e seu cachecol vermelho sangue
A gente tomou um conhaque, e trocou mágoas por uns segundos.
Ela disse que desejou beijos e flores, e que conseguira isso
Só que hoje não faz mais sentido, e aquelas doces mentiras
e as desilusões de um quase-amor quase-perfeito.

estava escuro na Pub, mas ainda conseguia ver seu sorriso dolorido
e as marcas tristes que o tempo marcou na sua alma infantil
e quando lembro de seu perfil, vejo beleza onde não há.

Antes de se magoar com mentiras que ela adorava repetir
disse num tom grave, que Pietro havia se casado
e com uma moça de olhos cor-de-mel, disse isso com inveja nos lábios.
Já eram doses de solidão que engolia sem pensar
e o filtro não filtrava mais nada.
Anne falava como quem fala a um Vigário
como se eu pudesse absolvê-la de seus momentos de fraqueza.
e assim ela repetia suas doces mentiras, tentando
convencer a mim, de que um dia foi feliz
mas as coisas acabam, e o amor não é tudo - Dizia.

Continuamos com filosofias pós-meia-noite
vira-e-mexe ela repetia suas doces mentiras.
A essa hora a gente diz o que não quer
mas eu ainda tentava estabelecer silêncio no meio de tantas palavras ditas.

Hoje quando acordei, e me vi diante ao espelho
percebi que Anne envelheceu dez vezes o que deveria.
Mas o que dói, é que eu estatizei e me vejo cada vez mais inexperiente.
Anne me disse que cada dez coisas que falamos, pelo menos oito são frutos de um pensamento incompleto
e a cada dez que escrevemos, as dez servem para que abafemos as palavras e contemplemos o silêncio que destas advém.

Ainda ouço as doces mentiras de Anne, e acredito que sejam sinceras.
A gente ouviu Joni Mitchell
e percebi que Richard seria ótima companhia para Anne
e os meus dedos resolveram mentir pra ela, e escrever isto aqui.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

- Aspirinas.

Dor de cabeça constante. Minhas espectativas se restringem a observações rotineiras. Coragem é disparar um tiro pro alto e acreditar em uma intervenção divina.
Dor de pensamento. A cabeça não pensa, reproduz. A alma pensa, e a minha, só no inverno.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

- Desleal. (promessa noturna)

O copo vazio, minha dor cheia de glamour e meus sonhos expostos na mesa. Meu baralho incompleto, meu jogo "furado", minhas mentiras amarelas, meus sorrisos extremos, meus olhares perdidos e meu silêncio "tererê".
O som quebrado, as mãos formigando e meus pés gelados. A noite cheia, a casa vazia e a hora que não passa. O tédio. Soletrando: T-é-d-i-o.
Fotos velhas, momentos passados, estante cheia de coisas inúteis e bebelôs feios. Televisão colorida com imagens ultrapassadas filmadas em algum lugar longe daqui. Tudo sem vírgula.
Aldous, Morrisey, Elis, Raul, Agatha, Clarice, Janis, Renato e a porra toda. O ligth acabou, que silêncio aqui dentro.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

- No( i )te (d)os rascunhos não - esferográficos.

Nossas gargantas pálidas
Nossos corpos secos reprimidos
contra estreitas paredes mórbidas
Nossos olhares ofuscados
pelo sentimentalismo preto-e-branco
que possuem as fotos amareladas
Nossos medos que nos empurram
para o precipício das hipocrisias
Nossos pesadelos alucinógenos
se tornando reais, imutáveis
Nossos sonhos petrificados.

domingo, 13 de julho de 2008

- Lapsos de vida. (um curta - metragem, filmado por ninguém)

Meu lapso de vida, não fez sentido hoje. Apaguei uma memória.

terça-feira, 8 de julho de 2008

- Après-mort (pequenas doses de ficção)

O doce veneno escorre por entre seus lábios, matando-a, crucificando seus desejos mais profundos, lapidando com armas de anjo seus sentimentos sórdidos e solitários.
Da janela, penetra um raio de luz, clareando sutilmente o quarto escuro, cheio de angústia. A fresta brilhante invadiu os detalhes: as fotos amareladas em portas-retratos antigos; os comprimidos espalhados pela escrivaninha, coloridos, cheios de sensações contidos em tão pouco espaço; a garrafa vazia de alguma-coisa (etiqueta arrancada com suas unhas mal feitas); o espelho que refletia uma parede descascada, suja de resquícios de sangue, talvez gorfo (fruto dos excessos das noites passadas) e a pequena poltrona, cujo a espuma se vê para fora. Apesar de a luz ter invadido o quarto, ela recusava a idéia de levantar, não queria ver o mundo, não queria ver nada. Nada.
Sua cabeça girava, seus olhos se fechavam sozinhos, sua boca (ainda molhada com doce veneno), demonstrava-se seca, sua garganta arranhava, como se tivessem gatos subindo pelas paredes internas de seu corpo. A sensação a prendia na cama, matando qualquer desejo que pudesse interromper aquele momento de reflexão, aquele momento pós-porre, pós-drogas, pós-sexo - Pós- morte. São mais de 48 horas sem dormir, e mesmo assim ela queria mais, queria mais alguma coisa, que não sabia.
Estava enojada com aquilo tudo, aquele quarto mau-cheiroso, aqueles lençóis sujos, travisseiros manchados, paredes estranhas, espelho quebrado....Mas resistia. Estava cansada da mesma cena das semanas anteriores, seu corpo não agüenta tanta dor e desprezo, seu corpo não consegue mais lutar contra o que sua alma pede, seu corpo a ignora, como um adolescente ignora seus pais, seu corpo não quer deixar seu "eu" descansar...isso a mata, a mata a cada dia...
A luz se recolheu para sua origem, e o quarto tornou-se escuro novamente. Jogada naquela cama insípida, ela pensou na última palavra que pronunciara, refletiu se era isso mesmo que queria, se seu corpo seria a última fortaleza existente ou se transformaria na agulha que fica no palheiro; sem pensar novamente, ela se arrastou até a escrivaninha, pegou os comprimidos, acendeu um cigarro amassado, sabia que era assim, e embarcou naquele mundo fantástico das percepções fictícias...só assim ela esqueceu a realidade.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

- Entre Café e Nostalgia.


Ela prefere pêra ao chocolate. Hoje o dia está tão....
Ela quer um samba, uma roda, um toque. Quer um rock, quer barulho. Quer um nada e mais um pouquinho de alguma coisa. Sei lá, acho que ela quer mesmo um nada. Nada. Ela só queria querer alguma coisa.

sábado, 28 de junho de 2008

- Tradução do silêncio.

Sou uma cópia do que faço
Meio-sorriso, meio-amargo, meio-dor
Criando defesas contra um inimigo oculto
Tirando máscaras para o próprio mal

Andando em círculos, parando no segundo canto
Sou aquilo que procuro não ser até tão breve
Rezando continuamente
Meus joelhos doem, e não há nada a fazer

Inerte até a segunda ordem
Esperando que alguem indique o caminho certo
Assim posso saber qual é a contra-mão
O que tenho, foi o que restou dos escombros

"O mecanismo da amizade
A matemática dos amantes
Agora só artesanato:
O resto são escombros"

Entre eu e "mim", sou o líder
Ninguém manda no meu mundo
A não ser o "mim" que me impede de seguir
Eu quero sonhar com você esta noite

Me descontrolo quando sinto tudo isso
Desabo na rua quando os goles descem rasgando meu orgulho
Posso até sentir-me tolo às vezes
Mas estou pronto pra mais uma

Cada um com sua própria arma
Cada um com seu próprio canivete
Cada um com seu próprio 38
E assim seguimos nessa Montanha Mágica...

Quero um dia de chuva...
E um copo totalmente vazio.

sábado, 21 de junho de 2008

- Soma.

Dormentes estão agora, meus sentidos.
Captei os movimentos mais imperceptíveis da sua dança dos dias (todos os)
Era simples, isso é tremendamente complexo. A simplicidade é difícil de entender.
Parece que inconscientemente, você já sabe como chegar, e de olhos fechados, sabe exatamente onde lhe convido. Um convite sem anfitrião e sem convidado, e onde estão as guloseimas e bebidas? Não se sabe, é tudo no sentido figurado, se é que me entende.
A objetividade pode ser uma virtude, a mais fraca de todas, nada que é objetivo demais, é entendido como deveria, a objetividade assusta a alma, a mente, o corpo.
Nem os anjos foram convidados para assistir o espetáculo, talvez não sejam dignos, ou não amem (enchantè), pois acredito que amam; ora, isso não vem ao caso...eles não foram convidados, porque é bom mesmo quando faz mal, e mal é mau. Anjos são do bem, e o bem não é tão bom quanto pensamos.
Nesse mundo cheio de percepções, fica difícil saber o que é ficção, a realidade se assemelha com a vontade que seja real, e parece tudo confuso, nublado, cinza....é estranho perceber que no fundo nada é como é, distorção. O nosso mundo é um Universo de Vidros sem nenhuma Transparência. Na verdade, as coisas não são ruins como são, elas apenas são diferentes do que se imagina. O diferente incomoda, perturba, causa desequilíbrio, assusta.
Hoje, os pensamentos se misturam numa linha sem fim, relacionando coisas distintas, oferecendo um baralho de cinqüenta e quatro cartas, onde só uma contém o que desejamos, e dificilmente teremos a sorte de pegar a carta almejada.
Faça-se real as coisas imaginadas, faça-se cognatas as que foram ditas. E nesse universo de vidros não-transparentes, limpei a poeira que o cobria, agora limpo, as almas envoltas observam meus pecados e os condenam, e eu apenas permito a observação....do pecado nasce um novo desejo, e todos os pecados devem ser perdoados se cometidos com perfeição.

(Não participo do relato, eu como personagem - Apenas no palco da minha vida.)

sábado, 14 de junho de 2008

- Frases de banheiro, músicas ambientes e bebidas quase alcoólicas.

Eu ri de mim, quando pensei estar gostando de bebidas não alcoólicas. Sim, esse é bem pessoal. Voltamos a era sentimental, esquecemos os problemas mundiais, egocentrismo, que são bem maiores do que meus conflitos intenos!
Num repente, senti mesmo a necessidade de ressaltar todo ardor que vejo nas ruas todos os dias, que incidem de maneira tão profunda e direta no meu íntimo. Tanta beleza escondida por detrás dos muros, e até uma folha de papel branco sendo levada pela brisa leve, se torna uma cena digna de registros. Os efeitos do inverno sobre os vegetais, tornando-os tristes e "preto-e-branco", me deixam leve, como num filme dos anos 30. Os sorrisos perdidos das crianças que, agora entendo, provém de um amor absolutamente verdadeiro - Eles não sabem o que é dinheiro, isso os torna sinceros com seus gestos, o sorriso desprovido de qualquer interesse (sim , agora entendo). As folhas secas caídas pelos corredores de concreto, mostram que até entre o morto, existe a interferência humana em seu processo (que processo?), não sei...é a diferença que chama atenção. A fumaça que sai da boca, se perdendo por aí, levando consigo algumas mágoas, ou talvez alegrias. Os olhares ao mais bem vestido, e os trejeitos dos esquisitos, as poses dos "Narcisos", que mesmo sozinhos, desfrutam de sua beleza. A pressa Paulistana, a calma dos adolescentes, enquanto flertam a caminho de casa. O beijo apaixonado dos casais encostados nas paredes, por todos os cantos (eles não enxergam o mundo, isso explica a frase "o amor é cego"). O olhar triste daquele que tem como casa, a Av Alguma Coisa. O olhar misterioso dos grandes pequenos seres, que mesmo sob a condição, conseguem rir das paródias "televisivas", o time que perdeu, o cara que ganhou. O vento que vai levando as esperanças; a chuva que vai limpando a alma; o medo que vai motivando a conquista; a força que vai derrubando obstáculos; o riso que vai abrindo portas; o choro que vai limpando o coração; o beijo que vai enchendo de inocência um mundo tão profano; a crinça que vai provando que existe amor absoluto; o eros que prova que há amor verdadeiro; o sofrimento que dá a oportunidade de redenção; os sentidos que permitem que cada um veja o mundo de um jeito, assim a perfeição se encontra nos olhos de quem vê e não no objeto visto; os sentimentos que fazem da vida um bolo de chocolate com recheio e cobertura; o Deus que faz com que as pessoas se confortem; o mal que faz com que as pessoas possam exercer o livre arbítrio; o bem que dá a oportunidade de mostrar que nem todo mal é de todo mal; o ódio que dá a oportunidade de reconhecermos que amamos algum dia e a morte que concede o decanso merecido por tanta coisa vivida; fazem da nossa vida, um conjunto de pequenas coisas de grande importância, que ao fecharmos os olhos por um segundo, perdemos um filme fantástico que passa diante de nossos olhos, fazendo-os brilhar, latejar e ofuscar toda luz artificial que exista...
Aí, pegamos nossas coisas postas na mesa quando chegamos, pagamos as cervejas e a porção de batatas fritas, vamos ao banheiro e voltamos felizes pra casa, por conversar sobre a vida.

sábado, 31 de maio de 2008

- Admirável mundo velho.

Acharam a essência perdida. Acharam o começo, a parte que faltava para começar o espetáculo de erros “Brasileiros”.
Escandalizaram o fato, a procura, o respeito a tudo que não respeitam. Como em um zoológico, um acervo de arte antepassada, um objeto considerado velho, quase inexistente. Um impacto.
"Encontraram uma tribo de índios que nunca tiveram contato com o homem branco!", saiu até no New York Times, e com a seguinte nota: "Uma civilização perdida!".
É tão notável o espanto, tanto quanto nossos avós se espantam com o funcionamento de um computador, um celular.
São selvagens, relíquias, produtos. E junto com os comentários, fotos que declaram a legítima defesa, o medo e a coragem.
É, o Brasil é o país da diversidade cultural. Não, não é. O Brasil nada mais é do que uma cópia antiga das coisas já inventadas, uma cópia barata e mal feita de uma civilização que "deu certo", nada mais do que uma caixa de coisas mal feitas e mal planejadas. Uma exploração contínua de riquezas naturais. Nada original, nem o samba é verdadeiro.
É tanta ignorância e submissão, julgar a desigualdade, com desculpas esdrúxulas sobre a miscegenação da raça brasileira, cujo esta "nem existe". O brasileiro é uma mistura de tudo. Mais uma desculpa para justificar nossa falta de identidade (ou a omissão desta).
Há quinhentos anos essa linha justifica nosso terror de Colonização. Expulsaram os verdadeiros donos, e querem que eles façam parte de um zoológico cultural. Raça pura, raça pura.
E tem até cota pra Índio nas Universidades, e quer saber, elas nem são ocupadas. Quantos deles são donos da sua própria terra?
Demagogia, pedir perdão depois de quinhentos anos. É inútil.
Vamos expor os únicos Brasileiros legítimos no Museu de Arte Brasileira (que copia a Européia, mesmo quando inventa um movimento "antropofágico"); vamos compor um samba para eles (mesmo o samba tendo origem Africana); vamos escrever um poema em sua homenagem (mesmo que nossa literatura, seja o plágio de uma evolução inexistente); vamos então, fazer uma marchinha de carnaval em seu nome (mesmo o carnaval sendo um prostíbulo a céu aberto, com data marcada para acontecer)...ah, já sei, vamos colocar o nome de um time de futebol em honra das relíquias humanas! (mesmo que isso sirva de política do "pão e circo" para que o povo se contente com diversão e esqueça que o mundo explode lá em cima).
Um Brasil que não defende os direitos de seu verdadeiro povo, e festeja os 100 anos de imigração Japonesa, que homenageia Portugueses, Espanhóis, Irlandeses, Italianos, Africanos e até Alemães; e só lembra do Índio no dia 21 de Abril ou então quando eles se manifestam a favor de terem alguma voz sobre seu próprio país; tem de ser abolido. Um Brasil hipócrita, que esquece sua origem, sua essência; tem de ser mudado.
Que se mate o desinteresse pela arte legitimamente brasileira, que se enterre o descaso com nossa essência, que se despreze um pensamento atrasado de ensinar nas escolas que "Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil", que se degole a ignorância de julgar os índios por lutarem por seus direitos como parte de uma sociedade.
Somos intrusos aqui, somos parte da cópia, condicionados a acreditar em toda aquela balela que aprendemos desde nossos 7 aninhos de vida. Falsificados pelos nossos pais, que também foram falsificados pelos nossos avós, que foram falsificados pelos nossos bisavós... A essência brasileira agora se resume dentro de um frasquinho da Natura. Comprem, e sintam-se legitimamente Brasileiros.

domingo, 18 de maio de 2008

-Simetria (In)completa.

Até que as palavras se acabem
Até que a respiração se intensifique
Até que as mãos se percam
Até que o corpo entorpeça
Até que os olhos se fechem
Até que a voz se cale
Até que a boca se afogue
Até que a mente se afaste
Até que o corpo pergunte
Até que o coração aceite
Até que a força se acabe
Até que o sangue se aqueça
Até que o mundo suma
Até que tudo comece
Até que tudo comece
Até que tudo comece...

sábado, 10 de maio de 2008

- Um dia, Nostalgia (sem sentido)

Nostalgia. Café. Cigarros. Risadas. Silêncio absoluto. Carinhos. Nada. Especiarias culinárias. Diversão. Tédio. Ressacas. Ressacas. Ressacas. Hoje. Ontem. Amanhã, ressacas. Madrugadas. Sol, Lua. Noites. Dias. Horas.Minutos. Frases. Músicas. Filmes. Ruas. Ruas. Avenidas. Praças. Dias, dias e mais dias. Noites e madrugadas. Vidas. Vidas. Sons. Desvios. Entradas. Saídas. Caídas. Triunfos. Alegrias. Tristezas. Mãos. Pés. Dadas. Cores. Amores. "Desamores". Vidas. Vidas. Sonhos. Metas. Futuro. O Passado. Sim. Não. Aqui. Lá. Mentiras. Verdades. Sonhos. Não. Sentido. Sem. Perdido. Está. Fim. Começo. Meio. Começo. Amizades. Não. Vidas. Vidas. Vidas. Elas se perderam por aí. Sobrou a saudade.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

- Epicentro.

Quando vem, vem de uma vez.
Chuva, chuva. Carros passam de lá pra cá, numa agonia que estrangula o céu, comprime as Avenidas e tornam imperceptíveis as pessoas e seus guardas-chuvas. Uns esbarram nas paredes dos edifícios, outros preferem as capas, alguns optam pelo sabor meio ácido da chuva de São Paulo - Capital.
Há quem diga, que se pode usufruir da chuva e seus sabores, e eu ainda prefiro acreditar que esta afirmação, descabida talvez, seja verdadeira.
Olhando de longe, parecem apenas luzes, se enfileirando em meio as àguas agitadas, que fazem do cenário um pouco mais cinza. A água se torna cinza também. Tudo parece ser estatizado, como se fosse fotografado por um alguém imaginário, por ângulos secretos. Olhares secretos.
Quantos ali, gostariam de um abraço, um afago, ou somente uma cama quente com cobertores macios? Impossível realizar a contagem, e mais impossível ainda aproximar alguma resposta.
Onde quero chegar? Não sei. Acho que a lugar algum. São só relatos de uma cena corriqueira (que esconde complexidades, impossíveis de serem relatadas).
A passarela, parece mesmo um altar, um altar sagrado de onde um Rei observa seus súditos. E as vezes é bom sentir-se Rei, mesmo sem coroação prévia. Sem cerimônias e obrigações.
Eu, com todas as visões e sentidos amplos e aguçados, naquele momento não tenho a sensibilidade de destngüir quem sou. Talvez seja o que quiser, o que quiserem, ou o que conseguirem exergar interna ou externamente. Fácil, simples assim.
A chuva foi gradualmente parando, até que parou, cessou. A sensação de Rei foi se enfileirando junto aos carros e partiu. A fotografia, antes cinza, foi ganhando cor. E eu, voltando a ser normal.

domingo, 27 de abril de 2008

- (Re)viver.

"Na realidade o amor é uma coisa tão simples... Veja-o como uma flor que nasce e morre em seguida por que tem que morrer. Nada de querer guardar a flor dentro de um livro, não existe nada mais triste no mundo do que fingir que há vida onde a vida acabou."

(Lygia Fagundes Teles)

sábado, 26 de abril de 2008

- Descobrimento. (método das partidas dobradas).

A parte que toca o mais próximo do limite, desejado, humano, é a abundância de alegria - Alegria plena.
A garota nem sabe o que é tristeza, ela sorri, sorri...tudo é transformado em estrelas que brilham mais do que seus próprios olhos, e os perfumes, ah, os perfumes são mais aguçados e intensos do que os exalados por Damas da Noite. Todos os dias ela deseja mais nada em sua vida, pois, sabe que tudo que tem é perfeito para seu cotidiano, completa perfeição. Inimaginável, ela conseguiu o que jamais fora conseguido - Alegria plena.
Apesar de nem saber a diferença entre Felicidade e Alegria, ela segue dizendo que possúi os dois. Podem dizer o que quiserem, ela não consegue separar esses dois sentimentos, ou momentos como dizem por aí.
É tanta alegria, que chega a ser melancólico, estático, constante demais.
Foi daí, que começou a pensar, que tanta alegria nunca será possível. Quando é muito, torna-se pouco demais. Muito é tão pouco.
A primeira vez que acordou com a sensação de querer estar triste, sentir o gosto amargo e necessário da reflexão que advém da tristeza. Sentiu que se fosse alegre a vida toda, nada seria completo. Método das partidas dobradas. Um lado só não é bom, é essencial que existam dois lados.
Era estranho admitir para ela mesma que, com tanta alegria que tinha, conseguia sentir falta daquilo que tantos rejeitam. Privilegiada era ela, porque todos os dias eram lindos, ou talvez não tão lindos, mas eram lindos o bastante para torná-la plenamente feliz. O que pode ocorrer numa mente alegre, em meio de tanta sede por alguma tristeza?
E por não conseguir ser triste, a moça dos olhos brilhantes, sentia uma imensa e profunda vontade de fazer algo a si mesma para tornar-se triste, mesmo que por um momento.
Seria ela, um ser de outro mundo? Como jogar, ou querer jogar, um tesouro tão valioso, pelo qual lutam tantos para conseguir?
É inevitável nossa revolta a nos deparar com um alguém assim. Chega a ser um insulto. É como jogar um prato de comida no lixo, na frente de alguém que sente fome - Fome. Como expor o suicídio a quem teme a Deus. É "comparável" a abandonar um filho, quando existem muitos que não podem tê-lo. Tão terrível.
Mas, à pobre, culpa não poderia ser atribuída. Ela nem sabia que tristeza era ruim, não sentira nunca, e por mais que tenham todos, o mesmo desejo de alegria, ela, somente ela, queria provar do cálice, jogar do outro lado, nadar contra a maré.
Nessa busca por sentir, foi cada dia desejando mais e mais aquilo, a ponto de chegar a ser sua meta de vida, seu objetivo.
Não adiantava, não conseguia, sua agonia a impedia de pensar noutra coisa.
Sem mais relutar, buscar, correr - Sentou-se na calçada, pôs-se a chorar, aprofundou a cabeça dentre as pernas. Ficou inerte por uns segundos, e ao levantar a cabeça, enxugar as lágrimas - Riu. Sentiu. Era aquilo.

sábado, 19 de abril de 2008

-O som dos cubos de gelo.

Ultimamente tenho estado triste. Não consigo mais escrever. Nada parece fazer sentido. Leio, leio e se caio na tentação de ler novamente - Apago.
Não sei, acho que desaprendi a escrever com alma. Minha necessidade continua a mesma, mas fica tão inerte, sem movimento, sem verdade meus textos.
Triste.
Se busco inspiração nos textos passados, apago-os também.
Parece que tudo é nada.
Os textos do passado não fazem mais o efeito que faziam antes.
Os textos presentes não me causam nenhum efeito, nem de desabafo, nem de satisfação.
E não sei se serei capaz de recomeçar, talvez deva parar.
Antes, pensava que os momentos em que ouvia o estalar dos teclados, eram os melhores do dia.
Era a única coisa que de fato "sabia" fazer.
Sem isso, me sinto desprovida de qualquer coisa de bom. Qualquer talento ou dom. Parece que não sei fazer nada, até as tarefas mais simples se tornam mais difíceis. Me dá a sensação de ter nascido sem nenhuma habilidade.
Fico pensando, se não sei mais escrever, o que sei?
Cantar não sei, dançar também não, dar estrelinhas e cambalhotas pra mim é impossível.
Não toco instrumentos, não desenho bem, não falo bem, não pinto bem.
Não sei fazer melodias, nem fazer ponto - cruz. Não sei jogar volei nem futebol.
Não sou boa em matemática, não sei fazer comida.
O que eu sei fazer?
Acho que nasci mesmo só para amar.

- Dois.

Discos e livros que queria ter. Eles nem fazem mais tanto sentido quanto antes.
A inspiração diária foi dar uma volta na esquina, e tudo parece tão opaco.
Quando olho as luzes vermelhas dos carros, se encontrando com o horizonte (indefinido), começo então a pensar na vida. Tudo passa pela cabeça embaralhando as cartas que achei ter como triunfo.
É tão intenso o céu misturado com aquela cor "meio vermelho meio rosa", me dá uma sensação de liberdade (condicional), parece que meus dias se honram quando o sol se esconde por detrás das casas.
Falar em primeira pessoa é estranho, parece que falo como se fosse eu a personagem na história. Não, não sou.
Os dramas, as meninas, as estórias; são elas reais? As vezes confundo a minha realidade com a realidade que gostaria de ter. Tudo vira uma coisa só, e eu me perco nas mil personalidades que atribuo a cada uma das sensações descritas ou impostas à uma "ela".
Acho mesmo que virei Macabéia, acho mesmo que encontrei a Via Crucis. Achei a minha alma num lugar bonito (a minha estrela tem hora marcada para surgir).
A felicidade amedronta, faz as pernas bambearem, traz o medo de perdê-la, a vontade de tê-la cada vez mais e em porções maiores. Não dá pra se contentar com as migalhas que ela oferece, ela coloca o mel nos nossos lábios sutilmente, e quando se pensa que vai se deliciar com o pote todo, ela arranca das mãos a recompensa pela paciência.
Não é tristeza, não é reclamação, talvez nem seja real.
Hoje senti medo, medo por mim e medo por nós. Por mim, senti a necessidade de permanecer, por nós senti a vontade de viver.
Não estou optando por você ou só por mim, opto pelo plural.
As coisas podem se resumir em sonhos, talvez seja exatamente ao contrário. Os sonhos podem se resumir em coisas. Na verdade, acho que sou covarde demais para admitir minha fraqueza. Assumir a minha redenção.
Não, não é vida pessoal, não sou eu quem fala aqui. Lê-se as palavras das garotas dos textos anteriores, esse é mais um conto, mais uma estória para amenizar a necessidade.
No final, a mocinha se deita no sofá, e pensa nas conversas agradáveis dos dias anteriores, e por transmissão de pensamento, ela fecha os olhos e vê diante de si os olhos negros (que ela tanto preza nele) perdidos em algum lugar fixo daquela avenida.

domingo, 13 de abril de 2008

- Apagando memórias.

Terceiro texto que apago depois de lê-lo mais de uma vez.
Este serve pra dizer que apagar texto, é apagar memória.
Apaguei a memória em mim, e o texto ficou na carne.
Novamente apagarei, se preciso, este.
E nada vai tirá-lo da memória, pois cada palavra digitada, permanece no foco de meus dedos.
É assim que se apaga memória, existe um botão dentro de nós. Delete. Delete.

sábado, 5 de abril de 2008

- A via crucis do corpo (ou Macabeando a vida)

- Um sopro de vida, determinou que em mim, cabia uma alma.
Só de pensar na alma, me dói a alma. Perdê-la por aí, quando me partir, vai ser doloroso.
Meu corpo faz a ligação entre o que realmente sou ao que eu realmente gostaria de ser ( de Mente e Alma).
Uma vida não pode ser ensosa, não pode ser incolor, não pode ser feito água - que a gente toma pra sobreviver. A vida tem que ser feito um Café amargo, feito um copo ardente de Vodca, um vinho seco talvez. Desce ardendo, e ao mesmo tempo suavizando, queimando a boca e depois passando a força pela garganta seca. Irrigando as cordas vocais desafinadas.
Se pudesse sentir intensamente o gosto da vida, se conseguisse definí-la em um copo "de-qualquer-coisa" (que não fosse água). Nada contra a água, mas ela é vital; a vida não tem que ser vital porque ela já é vida, e tudo tem que ser instinto, nada tem que ser obrigado, nada calculado.
Injusta, curta, Curta - Metragem. Não ganhei o prêmio de melhor atuação, nem melhor figurino, ao menos coadjuvante. É assim mesmo, vive-se, vive-se, perde-se, perde-se, e nada se ganha. Ganha - se, o pôr do sol, só.
Um sopro de vida determinou que em mim, essa alma, já não mais cabia.

terça-feira, 1 de abril de 2008

- Hóspede (in)esperado.

Enquanto procuramos respostas objetivas, fazemos as perguntas de forma subliminar.
Buscamos amor, e encontramos a oportunidade de demonstrá-lo, por algum motivo isso não nos basta. Amar é verbo, mas ninguém o pratica. Sinta-se amado querido.
Hoje é o dia de perscrutar os significados da palavra chave da alegria. Amar seria relacionamento afetivo? Ou talvez sentimento de proteção materna... não importa, ele está por aí.
Onde fica toda essa demagogia, onde se escondem as ambições de paz quando por elas percorrem desesperados corações em fúria?
As ruas ficam vazias depois das três, e é nessa hora que a paz se estabelece nas vielas.
Ah, o amor. O amor não se esconde debaixo de lençóis num Motel barato, ele não se isola num quarto entre duas pessoas apaixonadas. Ele se instala no coração dos amigos do peito, e até se comove com tanto amor que se faz presente no coração d'uma mãe.
Embora viva em todos os que vivem, o amor se esconde as vezes, se abstem de mostrar-se amigo; porque ele só aparece se você, dono do ambrigo, quiser.
Ele não invade, ela não adentra, não se humilha. É orgulhoso, e procura um lugar seguro, onde seja usado corretamente. Ele não odeia exageros, mas, a discrição lhe faz bem; suporta o ciúme, porque motiva a aumentar-lhe a casa concedida. Não paga aluguel, é folgado um bocado, e exige que lhe dêem comida, sombra e água fresca. Reclama quando há confusão, bate no andar de cima quando há barulho, e se opõe a imprevistos - Mas é tão inconstante...
Surge em qualquer momento, inconveniênte que só.
Estabelece laços entre qualquer um, de qualquer raça, religião, partido e até mesmo time de futebol. Seja homem, seja mulher, seja os dois - Ele resolve fazer do jeito que quer. Daí, surgem as diferenças, mas não tem problema, ele supera.
Amigo, eu já nem sei mais o que ele quer de mim. Presente 25 horas por dia, se mete no meio das minhas amizades, dá um jeitnho bem malandro de se envolver entre eu e um suspiro.
Acabo por então, permitir sua entrada, e até me acustumo com a sua insensatez. Caro amigo Amor, peço-lhe apenas que, já que veio, permaneça; e faça bem feito o serviço que lhe foi concedido, mantenha sempre acesa a chama que me une àqueles que me fazem bem.
E não esqueça de cumprir seu serviço lá fora, mantenha também acesas as outras chamas que queimam mesmo nos Motéis baratos, nas vielas, nas rodas de samba, no showzinhos de róque, nos barzinhos escuros, nas conversas maternas, no leite oferecido aos recém - nascidos, nos encontros casuais de velhos amigos, nos encontros não casuais dos novos amigos, nas Igrejas onde rezam por um mundo mais justo e principalmente nos corações de quem, ainda deve te abrigar.

quinta-feira, 27 de março de 2008

- Memórias Póstumas de um Herói anônimo.

Por um momento ele sentiu seu corpo entorpecer, e teve medo de fechar os olhos.
Aquele velho filme passava em sua cabeça, e o fazia chorar por dentro. Onde estaria ele agora...não fazia sentido algum.
Lembrou-se da criança em seu colo, e das lindas palavras doces que recitava enquanto balançava suavemente as pernas para cima e para baixo, causando risadinhas e o enchendo gradativamente de paz. Recordou-se do beijo de boa noite, e do "eu te amo" infantil que saía sem pudor daquela garotinha. Deixou cair uma lágrima, quando trouxe à mente a imagem da mulher forte que o esperava todos os dias com um copo de café amargo.
Aquele momento parecia não ter fim, 30 segundos apenas, simularam uma vida inteira sem direito à interferência. Um turbilhão de coisas passavam pela sua cabeça, e cada uma delas pareciam ferir ainda mais aquele pobre coração.
As pessoas falavam ao fundo, mas não surtia efeito no seu cinema particular.
Questionava-se sem parar, por que não ficara em casa aquele dia, por que não adiara os planos, por que fora tão protetor a ponto de... não tinha mais importância.
Não sentia mais dor, não sentia mais raiva, não sentia mais as coisas, conseguia apenas pensar no amor, na pena. Foram os segundos mais longos de sua vida, e os últimos.
Ali se encerrava pra ele uma vida inteira de alegrias e tristezas. Restavam só lembranças.
Não importava para onde ia, não se interessava em saber qual seria seu caminho, ele só pensava mesmo no que deixara pra trás.
Para sempre ficarão intactas as cenas de quando doces palavras dizia para aquela garotinha, do último beijo de boa noite, da mulher forte que sempre o esperava com café amargo, e de todas as imagens contidas num pedaço de vida. O filme era dele, o herói e protagonista era ele...mas a saudade é delas.

terça-feira, 25 de março de 2008

- Detroit in '68

Ela tem medo de roda - gigante.
Não é nada... nada mesmo perto dos medos que a rodeia. Todos os dias ela pensa num futuro bom, e nas mil palavras bonitas, sonha alto com o amor, e se cala diante das dúvidas que assola suas convicções.
Disse que foi um sonho, e repetiu consigo mesmo que foi - que é.
Por que há dúvida? Não pode ser tão claro quanto já é. Ela é feliz, e isso a assusta mais do que um maranhado (palavra que ela adora usar) de baratas todas juntas se mexendo pra lá e pra cá.
Olhando-a de longe, parece ser confiante e convicta, mas, esconde algo minuciosamente em seus cabelos sempre amarrados. O medo.
Ela diz que vive sem isso, sem aquilo, e ultimamente se vê dependente de tanta coisa que, por algum motivo, não acreditava. O que pode ser pior pra ela do que depender? O que poderia colocá-la mais abaixo de seu orgulho, do que admitir que ama tanto algo, que não consegue se ver sem?
Oh! Não, não. Ela não é viciada em drogas, a não ser as passivas. Ela não é uma compulsiva, nem uma alcoólatra, muito menos uma hippie que acredita que a maconha pode libertar a mente humana...não isso não. Pra ela, é pior.
Seu vício mata muito mais lentamente do que doses de solidão, e dá um prazer muito melhor do que chocolate meio - amargo. E quem disse que ela quer se ver livre disso, não, não. Ela adora essa sensação de querer não ser independente, porque ela sabe, que isso é discurso alternativo demais para o...
Tudo que ela quer é se afogar nesse maranhado (palavra que adora usar) de sentimentos doces e amargos, felizes e tristes, fortes e suaves - Esse paradoxo ambulante que é sua vida. Quer alcançar a liberdade, e a liberdade é pouco demais pro tamanho das suas ambições; quer amor, ela quer amar mais do que qualquer um...
Ela está viciada em querer, e o querer se resume em quatro letras que ofuscam o alfabeto inteiro, que destroem as palavras que as acompanham e fazem do sonho universal um só - Sim. O que deseja é mais do que dias perfeitos; ela quer dias ruins, ela quer dias de chuva, dias de frio, ela quer tudo ou nada.
Veja só... agora ela está nos braços da felicidade...e a felicidade a abraça com amor na Rua Detroit, nº '68...

domingo, 16 de março de 2008

- Assassinato Cruel. (?)

Hoje, vamos matar o tempo, convido-os - sejam cúmplices do mais brutal assassinato da história.
Um nada pra dizer, e um nada pra ouvir. Ao acaso, matarei o dono da minha ansiedade, o responsável pela minha pressa, o mandante das loucuras abstratas de todos os tipos, que cometo todos os dias (dias, horas, minutos, segundos...), o motivo pelo qual lutamos pra ver chegar o fim - E ele sim, dizer que é o fim.
Que tempo louco, é frio, calor.
Temos pressa meu bem, quero alcançar meu tempo, quero alcançar meu amor, chegar perto ao sol, derramar minhas queixas no mar, escrever nomes na areia e fazer juras de amor.
O tempo diz que apaga, diz que faz esquecer, diz que dá experiência - O tempo manda, o tempo faz.
Só que hoje, eu o matei. Hoje sufoquei os segundos com um toque de malícia, despachei da minha casa os minutos num repente de 30 segundos, expulsei as horas junto com o gato preto que dá má sorte.
Já que é assim, nenhum assassinato cometi, apenas explusei o que mais faz parte de mim.
Agora sinto falta de tempo, sinto falta de mim por tempo integral.
Dizem por aí, que o tempo não volta mais...

sexta-feira, 14 de março de 2008

- Poesia, dia.

E ao dia da Poesia, devo um perdão à Castro Alves, que releve minha linhas e letras tortas e mal usadas.
Que considere meu sentimento, que permita minha usura, que não se sinta ofendido por meus versos desajustados.
Hoje é dia da alma. Dia da Poesia.

segunda-feira, 10 de março de 2008

- Dez ilusões.

Pior do que a dor do Adeus só poderia ser mesmo o aviso prévio deste.
A estação estava cheia, e o barulho zunia no ouvido dela, afastando a concentração do que planejava. Pensava no telefonema do dia anterior, e refletia sobre o que havia dito com o coração livre de arrependimentos. Seria fútil dizer que foi fácil - Não foi.
Cada estação que passava ia aumentando sua espectativa de ver o ato concretizado, e a cada porta que se abria do veículo ia dando a sensação de querer um cigarro e café para amenizar suas dúvidas (talvez).
Faltavam ali pouco mais de 5 minutos, e sua mão já soava frio, sentia borboletas fazendo barbúrdia no seu estômago, preferiu pensar ser por conta do cachorro quente que comera um pouco antes.
Pronto, ali estava, sozinha; uma noite estrelada e com uma brisa leve, fria. À essa altura, tinha ninguém na estação, por um tempo sentiu um fervor subindo-lhe a espinha, mas sentou-se no banquinho que muitas vezes estivera totalmente ocupado, e hoje não teria de disputar com ninguém o banco preferêncial. Foram os próximos 25 minutos olhando para o nada, queimando até o filtro suas esperanças.
Desistindo do quê viera fazer, virou-se em direção à saída, e sentiu um cheiro familiar, olhou para trás, não viu o que queria ver. Sim era proibido fumar ali, foi o que o guardinha noturno disse; jogou fora o cigarro quase acabado, e calou-se diante a placa que noticiava o fato. Não havia mais nada que pudesse ser feito, ela sabia disso. Deu a meia volta e engolindo seu orgulho atravessou a rua, e deu sinal pro ônibus vazio ... repleta de insegurança.

sexta-feira, 7 de março de 2008

- Fotografia de Out(ub)ro.

Vilipendiando as rotinas.
Rezando alto em boate com olhares sórdidos.
Refazendo palavras dispersas
Atualizando idéias passadas
Perscrutando destinos absolutos.
Formulando respostas perdidas.
"Soneteando" um conto de amor;
Pobre sentimento doce.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

- Felicidade Noturna.

Vamos ( ! )
Com vida
Para o baile.
Com certo pudor
Aviso minha presença;
Cruzando braços e apertos
No canto da parede, certo.
Com figura
ações que repetem a mesma dança.
Querido, vinho, refrigerante talvez.
Feliz cidade!
Luzes ofuscantes
Conversas para(L)elas.
Minunciosamente abrindo olhares
Instigantes presenças de vida
Ver e ficar à noite.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

- (Marca) dores no caminho.


Marca
Dor.
Dores que se mostram
Marcas que ficam.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

- Sem sentido.

Na calçada, ele via o mundo passar.

Todos os dias, ele sentava na frente da Mercearia do seu José, e lá ficava, até conseguir algo que lhe desse alegria.

Faziam alguns dias que não trocava de roupa, e se sentia bem com aquela camiseta velha estampada com a foto do Charles Chaplin, e gostava da bermuda enorme segurada por um cinto marrom; porém sabia que estavam sujas, e já exalando o mau cheiro da rua, cheiro de tudo junto. Era o que ele dizia, quando alguém lhe falava sobre o mau cheiro de sua roupa. Pensava ele afinal; que roupas usaria se não estas?

Aquele garoto, de uns oito anos aparentemente, mantinha consigo, uma coisa diferente, brilho talvez. Mistério. Ninguém sabia de onde vinha, o que fazia ali sentado na calçada toda tarde, quem era sua mãe, pai – Família.

Seu José já cansara de lhe perguntar sobre sua vida, e não obteve resposta se quer uma vez, e nem ao menos se sabia o nome daquele pequeno estranho, perdido numa imensidão vasta de pessoas, coisas, sonhos.

O garoto pensava com ele mesmo, todas as tardes, quem lhe dera o sopro de vida, e tentava adivinhar como foram feitas as coisas, o mundo. Não que fosse desprovido de inteligência, pelo contrário, era bem esperto, e sabia de muita coisa para sua idade. Comunicava-se como ninguém, e tudo que conseguira até aquele momento, vinha do resultado de suas doces e divertidas palavras, que encantava tudo ao seu redor.

Às manhãs, trabalhava como engraxate, recebia uns trocados, que garantia seu café da manhã (sempre leite com café); adorava café, todos achavam estranho um garotinho gostar tanto de café – “Feito gente grande”. E durante o resto do dia, simplesmente sentava na calçada, sorria para as pessoas, falava sobre Charles Chaplin, e contemplava as maravilhas do movimento, pessoas passando pela rua da frente.

Sabia ele pra que lado ir, e sabia também que devia voltar antes do pôr do Sol; só não sabia pra quem voltar.

Todos os dias são e serão assim para ele, e algum dia ele vai decidir ir pro outro lado, vai querer testar o gosto da desobediência própria, algum dia, ele vai se sentar em outra calçada, e quem sabe a vida lhe dê outro rumo. Enquanto isso, ele senta na calçada e espera o que ninguém sabe o quê, ele olha pra onde ninguém vê.

E sempre quando vai embora, cita Charles Chaplin, e numa voz quase miúda, sem ao certo saber o quê significa, diz como se fosse seu hino:

- Mais um dia bom...perfeito.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Felicidade Mediana.

- Hoje é.
Tudo começou. E eu já sei que é a ordem natural - Está tudo começando a acabar assim que começa.
É hoje que começam as ambições, sonhos, metas...
Uma sensação estranha de um vazio do querer, e mesmo assim ainda me sinto cheia.
Felicidade mediana. Oh sim.
As coisas se tornam mais relativas no dia de hoje, tudo passa a ser um mistério, espectativas.
Eu quero ir, mas não quero estar lá - Foi o que eu disse.
Palavras, elas saem, e eu nem sei mais o que dizem por conta própria.
Depois de tanto tempo sem isso, ainda não tenho nada a declarar.
Ansiosa. Não sei pra quê.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

- Hoje não escrevo.

- Hoje não tem crônica, hoje não tem poesia... hoje não tem.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

- Kozmic Blues. (A canção da sua ida.)


Não, eu não preciso do seu perdão.

É apenas um conjunto de palavras conjuradas. Elas não fazem nenhum sentido.

No meu dia preto e branco, eu prefiro adoçar meu Café com um pouco de Nostalgia.

Pra mim, isso tudo é só isso. Você diz que roubei um pouco de você e eu já não vejo aqui comigo as coisas que foram roubadas.

Eu mantive tão severamente os meus sonhos, inflexível persistência.

Eu não sou mais tão garota assim, não tão.

Um dia você teria mesmo que chorar, e mesmo assim ainda não são seus olhos que choram por você. Sinta-se sozinho agora, querido. Sinta-se perdido agora.

Abrace seus novos amigos e sinta neles o que nós não pudemos lhe dar, porque na verdade, eu nunca fui a melhor de todas.

Querido, você não percebe que tudo isso é farsa, tudo isso é pena. E não me julgue pelo seu penar.

Chegou a hora de uma parte de você crescer, e essa parte sou eu. Você vai ser sempre essa pessoa refugiada e hipócrita, sempre. A sua melancolia forjada, suas tristezas forçadas, sua postura de vítima que na verdade assassina o ego de qualquer pessoa que tente lhe ajudar; te empurram cada vez mais pro fundo.

Você diz que magoamos os seus sentimentos, diz. Você é frágil demais e se magoa consigo mesmo, porque no fundo, você sabe que não é forte o bastante para afirmar o seu fracasso.

Sinto muito, agora espero que tenha sua tão sonhada fama e popularidade, e que todos os seus fãs, digam que te amam em voz alta, e que te amem eternamente. Espero também que tenha sempre ao seu alcance sua solução para as horas “difíceis”, que tenha sempre seu vício para te tirar do poço, até o dia que ele mesmo te colocar lá.

Não esqueça, mantenha-se sempre na retaguarda, porque acontece com todos, as decepções brotam de onde não esperamos, num repente ela tira sua auto – estima. Querido, chegou a hora de ir, se despeça das noites alegres, porque de tudo que lhe “roubei” elas foram as únicas que encontrei na mala...estarão comigo daqui em diante.

“Time keeps movin' on,
Friends they turn away.
I keep movin' on
But I never found out why
I keep pushing so hard the dream,
I keep tryin' to make it right
Through another lonely day...”


segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

- "( i ) notável" rebeldia urbana.

De volta pra casa. As coisas passam rápido pela janela do trem, eu vejo rabiscos, distorção das imagens.

Naquele muro; alto o suficiente para impedir a entrada de garotos rebeldes (não os sonhos), são escritas coisas, ninguém entende o que quer dizer, ninguém vê, ninguém nota; mas é evidente, são demonstrações rebeldes, rebeldia com causa... ou sem ela. Uma rebeldia que não faz diferença às autoridades, eles nem se quer sabem que são tão sentimentais feito uma carta de amor. E aqueles garotos imploram por um pouco de atenção, em 2 metros de altura, o muro persiste em abrigar as idéias próprias escondidas em símbolos que ninguém consegue decifrar.

É estranho reparar no percurso, ver as gramas mal aparadas, e ninguém nota; ver as ferragens velhas atrapalhando as casas da redondeza, mas, ninguém vê.

Todo percurso é feito num silêncio macabro, e sim, todos falam sem parar. Você pode falar alto e perceptível, mas ninguém vai notar o que diz, porque ali nada é notável, tudo faz parte da rotina.

Pessoas cansadas, olhares distintos, expressões carregadas de tensão, ombros encurvados, olhos fechados - Todos ali, com a maior vontade do mundo de chegar em casa. É por isso que ninguém nota os muros pinchados, a grama mal aparada, as ferragens velhas, as mil conversas paralelas, e as expressões carregadas e até cômicas; porque estão todos ocupados demais consigo mesmo, estão todos buscando algum refúgio interior para aliviar o cansaço.

E os garotos rebeldes, continuarão escrevendo nos muros, até que deixem de ser “inotáveis”.


domingo, 27 de janeiro de 2008

- Utopia (aquele marasmo perfeito).

- Eu vi na TV aquele comercial cheio de vida, falava sobre a margarina; e todas aquelas pessoas na mesa tomando o Café da manhã, e aparentemente felizes por inteiro. E eu pensei comigo - Se a vida fosse feito comerciais de margarina, bom ar, plano de saúde...; as coisas seriam bem menos relativas, presumo.

O mundo anda tão superlotado de teorias e dizeres alheios, e é como se fossem todos anônimos numa ânsia de buscar algo indefinido, falando coisas desconexas, buscando coisas imaginárias, desejando um mundo perfeito aos familiares nos dias festivos.

Eu vos digo em verdade, as coisas devem ser assim.

O que seria se não fossem as hipocrisias festivas, as reuniões casuais planejadas, os “perus” de Natal, e até mesmo as roupas brancas do Ano Novo? A graça estaria perdida por aí, e tudo isso faria tanto sentido que chegaríamos a uma verdadeira Utopia. Não, não é isso que queremos para nossos filhos, desejamos no nosso íntimo, que os pequenos gênios gerados por nós, tenham um dia tão imprevisível quanto o nosso, e que algum dia eles queiram que o dia tenha 25 horas; porque nós sabemos que sem isso, o marasmo toma por completo a vida. Ninguém quer ser Feliz inteiramente; isso é demagogia. Pensamento imposto pela sociedade, a felicidade é medíocre demais para ser contínua, quando tudo está perfeito não estamos felizes, e colocamos sempre uma desculpa nada óbvia para justificar nosso descontentamento.

Aquele comercial era uma Utopia... ria, o café está servido.

sábado, 26 de janeiro de 2008

(des) Conserto de idéias.

E assim consertando as coisas imaginadas e ditas.
Nem tão belo quanto Richard, de Joni Mitchell.
Eu poderia citar as coisas mais graciosas desse mundo, e definí-lo como a mais suprema delas.
Mas, definição completa para tal, é dizer que é o que é.
Idealizando caracteristicas desconexas, dispersas por um fio de pensamento que não existe própriamente.
No dia cinza de hoje, é que consigo enxergar melhor os dias bonitos passados.
A comparação engrandece.
Eu gosto de Georgia, ela é clássica e parece que as palavras soam mais bonitas quando escritas por ela, ou melhor, com ela.
Se, auto - definir-se fosse fácil, livros seriam biografias por toda parte, e o complexo literário só serviria para descerver a própria história.
Saber que gosto de Georgia, Café, Joni Mitchell, já revela boa parte do que nem eu mesma sei ditar.