sábado, 26 de novembro de 2011

- querido Benjamin, .

quando eu olho pela janela do trem, só consigo pensar numa coisa ao ver meu reflexo no vidro sujo, a inquietante sensação de estar velha, velha na mentalidade, velha no aspecto do meu rosto, que retem toda fumaça do meu amigo. Buscar pelos sentidos é uma luta tão indiscutivelmente inútil. eu acabo mesmo pensando que essas duas décadas que o mundo me permitiu viver, são pesadas, quase nada fluidas, estão no ensejo de uma vida de recortes apáticos e repetitivos. O velho truísmo que diz que a felicidade são momentos, só reafirmam que a tristeza é permanente, infindável, insoluta, absuluta que se rompe em lapsos de felicidade. acho uma droga isso, tem gente que se contenta, mas ainda acho uma sacanagem imensa da vida, fazer com que a felicidade seja um bônus, não um ônus.
pois é meu amigo, as coisas pioram um pouco, quando você descobre ser weberiano, e que a célula mágica revolucionária, nada mais é do que um musculo involuntário. aceitar o desencantamento do mundo, é quase admitir o quanto somos infimos na lógoca do universo, e revoluir é quase mover uma matéria tão pequena, que truísmos a parte, não movem nada de fato. o conhecimento é uma produção tão ingrata, pois suas mudanças implicam em você detestar o mundo, e tornar - te mais incapaz de fazer algo por ele. tô blasè, e apática a tudo, as coisas são tão abstratas, que o que faz mais sentido real pra mim, é acordar entrar num ônibus, bater o ponto e fumar um cigarro, concretamente venenoso, delicioso, e na redundância do desespero, real.
sou velha, historicamente velha, velha de experiência comunicável, velha de narrar. Só sou jovem quando olho meu RG, ele me faz lembrar que não faz tanto tempo que o mundo ainda acreditava na bondade humana.