quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

- Nu

Compreensão exata.
Pare de olhar pela fechadura, não há nada o que ver.
Não fume, mas..., mais.
Não beba, não se embreague.
Não se drogue, não ame.
Não ouça roque, não cante Joni.
Faça suas tarefas escolares, não sorria.
Não minta, não cumpra.
Não faça, não faça.
Mantenha-se longe do fogo, queime-se na absoluta certeza de nada.
Não quase-morra, não pense.
Não pense, não crie.
Não fuja, não fique.
Não mate, não nasça.
Não seja ruim.
Não seja bom, bem, seja mal.
Não escreva, não.
Não diga não.
Não.
Não.
Não seja louco.
Seja funcional, seja assim.
Seja isso, seja assado, seja aquilo outro, aquilo mais.
Seja fraco e obediente.
Pegue o controle da TV, mas aumente, não mude.
Cale-se e siga.
Siga.
Não desvie o caminho.
Desvie dos caminhos errados.
Ande, mas não muito.
Pare mas nem sempre.
Não grite, não pule.
Não pule.
Não beije.
Não transe, não transe.
Não acredite.
Porra, acredite.
Não abra os olhos. Pronto, pode abrir.
Não acenda a luz, não apague.
Idiota, não mije aí.
Ei mije aqui.
Não pode, não pode.
Coloque roupas.
Tire a roupa agora.
Não pode!
Não pode?
Não pode.
Marionetando as nossas vidas
Controle - não - remoto.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

- Em 1ª pessoa.

Vestidos com as roupas de Deus
Desprovidos da indecência (sub) humana
Desenhando com a ponta dos dedos
as curvas não-perigosas do desejo.
Ora cola, ora fala, ora cala...
é assim.
Olhos, bocas e beijos
Bocas, olhos e abraços
Boca-olhos-beijos-abraços.
Amor individual, reproduzir amor sozinho é assim.
Amor em 1ª pessoa.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

- (Re) eletrônica.

Quando trascende, a gente cai de amores.
Eu nunca tive uma secretária eletrônica, mas se tivesse, ela sempre estaria vazia.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

- A estética da política é a Guerra.

Educação não é mercadoria. Esse tem sido o lema dos estudantes da Universidade Federal de São Paulo, dos campi Baixada Santista, Guarulhos, Diadema e São Jose dos Campos.
Há cinco anos o governo federal numa parceria com o Banco Mundial elaborou um plano mais do que genial para expandir as vagas públicas nas universidades - o Reuni. Sim, digo plano genial, pois se propõe com a verba de uma, construir quatro. Além das quatro já "construídas" ainda existem duas em projeto, Itaquera e Osasco.
Entendemos que é importante expandir as vagas do ensino superior público, porém acreditamos, impreterivelmente, que isso deveria ser feito com qualidade.
Nós, do campus Guarulhos temos enfrentado problemas, desde estruturais até acadêmicos.
Nosso campus não possui estrutura física para suportar o número de alunos, por conta disso, usamos um dispositivo do município de Guarulhos, destinado à educação básica e fundamental do bairro do Pimentas (CEU), para garantir nossas aulas. Isso implica num conflito que temos de conviver todos os dias, o de privar a comunidade desse serviço básico. Além disso, não encontramos uma estrutura acadêmica preparada para as necessidades, devido a recorrente mudança nas grades curriculares, que acaba prejudicando a formação dos alunos. Também tem se mostrado a falta de eletivas e matérias importantes para os graduandos, que não são oferecidas por falta de salas de aula.
Mais grave do que isso se manifesta no âmbito da Assistência Estudantil, cujo atende um número bastante inferior ao necessário, tendo inclusive problemas nos critérios de "disputa" pelas poucas bolsas que são oferecidas. Quando falamos de Assistência Estudantil, nos referimos a condições básicas de manutenção dos estudantes no campus, como transporte, alimentação, pesquisa e moradia. No âmbito da alimentação, enfrentamos diariamente o problema do "bandejão", que além de ser um serviço terceirizado, se configurou como uma medida provisória que permanece até hoje funcionando, a um custo elevado em comparação com outras universidades públicas, além da má qualidade, tanto nutricional quanto na higiene.
Existem muitos outros problemas enfrentados pelos alunos, que hoje lutam, não pelo prédio dos sonhos, mas por condições mínimas para que os cursos sejam realizados de maneira satisfatória.
Sabemos que os outros três campi, possuem os mesmos problemas e ainda outros mais absurdos. O campus da Baixada Santista, por exemplo, oferece o curso de Ed. Física sem uma quadra e piscina esportivas, tendo os alunos que recorrer a mecanismos municipais e privados para terem as aulas práticas.
Não há como se calar diante desse escândalo. Para onde vai o dinheiro público?
Foram encontrados, além de todos esses problemas, indícios de desvios de verba, dentre os mais graves, uma mudança de 6 milhões de reais que eram destinados à Assistência Estudantil para outro setor, cujo ainda se mantém misterioso e desconhecido, por falta de explicações da Reitoria.
Outra fraude é a construção do novo prédio da Reitoria, localizado na Av. Ibirapuera - Vila Mariana, que foi licenciado depois da divulgação da licitação do prédio definitivo do campus Guarulhos, porém já está em pleno funcionamento, enquanto em Guarulhos não há vestígios do novo prédio.
Sim, não encontramos outra medida, depois de tentativas exaustivas de negociação, a não ser a paralisação. Estamos em Greve desde o dia 21/10, Santos desde 6/10. Mas não pretendemos parar por aí, estamos discutindo uma possível Greve Geral, mas esse processo ainda está em andamento e elaboração.
Sabemos, contudo, que a Greve, de certa forma prejudica o semestre dos alunos, e muitos deles estão se posicionando contra a Greve por conta disso. Porém, também temos consciência de que a Greve é em prol de causas legítimas, e bem maiores do que um semestre de aula. Se conseguirmos atingir as reivindicações, estaremos beneficiando a todos, desde funcionários até professores. Portanto acreditamos que abrir mão de privilégios individuais se apresenta como a única maneira de conseguir atingir os interesses do coletivo.
Através da paralisação, Guarulhos ainda não obteve respostas concretas, apenas medidas paliativas para solucionar nossas questões. Umas dessas medidas foi a implementação de três ônibus de viagem, que farão o transporte dos alunos da UNIFESP Guarulhos, gratuitamente, saindo do Metrô Itaquera, em horários pré-definidos. Já é uma conquista, porém muito vaga e insuficiente.
Sendo esta a única medida (paliativa) apresentada, os estudantes se reunirão nesta terça feira (9/11) para decidir se a paralisação continua ou não.
Não é justo nem cabível que a Educação seja negociada como mercadoria, tampouco retalhada e oferecida sem as mínimas condições para que se faça real, se concretize na vida das pessoas. UNIFESP Guarulhos é só um exemplo de como se está tratando a educação no Brasil, com descaso, com negligência.
Nós, estudantes da UNIFESP estamos travando uma guerra com as condições adversas e com as autoridades (apáticas e burocratas), para fazer valer nossos direitos, para exercer nossa cidadania, e por conta disso, já fomos reprimidos, tanto pelo polícia quanto pela Reitoria, que se utilizou do golpe mais baixo para boicotar as atividades de greve – Fechar o “bandejão”, deixando assim, a mercê os alunos que precisam dele para se manterem na universidade PÚBLICA.
Pois sim, se a resposta da Reitoria é essa, e se a falta de resposta das autoridades é tal, a greve tem que prosseguir, portanto, todos os alunos que sofrem esses problemas tem de se mobilizar. Greve não é férias, Greve é trabalho duro, é mobilização, é negociação, é cidadania, é expressão. A Greve de Guarulhos tem de se consolidar, os estudantes têm de entender a importância desse ato, e sobretudo o lugar que esse ato nos coloca como seres políticos.
Sair da nossa zona de conforto é necessário, não podemos deixar que as coisas impostas saiam ilesas ao nosso senso crítico.

Quem paga, não deveria, educação não é mercadoria.

(a frase do título é de Arthur Barrio, artista plástico)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"O que dizem os umbigos?"*

tenho tanta coisa pra fazer.
tenho que escrever sobre uns caras que eu nem conheço, e dizer o que eles pensam, e dizendo o que eles pensam, não dizer exatamente o que eu penso sobre eles.
tenho tantas coisas pra fazer, mas queria mesmo é sentar num boteco fedidinho e tomar algumas cervejas, sem se preocupar com às cinco da manhã nem nada.
queria tá lá, fazendo hora no discurso, conversando com pessoas, discutindo nossos problemas e pensando em algo bastante fútil.
queria tanto fazer um Monumento ao Foda-se, e viver de brisa. Queria largar meu emprego, ganhar dinheiro fácil vendendo maconha pra estudante.
sei lá, queria fazer qualquer coisa, alguma coisa que me desse algum prazer
que me fizesse sentir meus 19 invernos, e o sangue pulsante de alguém que curte a vida
acho que sentar aqui, e escrever pra uma máquina é tão vazio, tão zuado, tão babaca. Eu falo com pessoas reais, e falo bastante inclusive, mas eu sempre quero falar mais, quero falar muito mais. Se eu pudesse passaria 25 horas seguidas falando, falando qualquer coisa, falando todas as coisas do mundo.
Eu queria mesmo ser rica e esquecer essas querelas que estragam a vida, esquecer que as coisas não funcionam e ficar brigando por um macarrão com soja, ou uma feijoada na quarta-feira...sabe, essas coisas que estragam o seu bom humor...
ai sei lá, eu queria pra porra sintetizar essas coisas aqui, e não ter a necessidade de compratilhar tanta coisa besta com uma máquina que nem sabe se eu existo, se eu minto ou não, que nem sorri, nem chora. Olha que merda, maior desabafo desnecessário. Tenho tantas coisas pra fazer, e não consigo condenar Moisés, Jesus e nem Maomé, não consigo dizer se essas balelas que esse cara anônimo escreveu servem pra alguma coisa. Isso é uma merda.
Queria dormir sem ter que pensar em estar acordada pra fazer alguma coisa chata. Quero fazer coisas legais, quero olhar pro meu umbigo. Meu umbigo.



*esse título não é meu, acho ele legal.

domingo, 10 de outubro de 2010

- talvez até as 14:00h

Acordo cedo, vejo o escuro e pessoas que vêem o que eu vejo.
Eu acordo cedo, fumo meu cigarro maroto, entro numa nave, e desligo meus botões.
Acordo cedo, entro numa nave, e nessa nave tem pessoas que nem eu, que também se sentem numa nave.
Acordo cedo, escovo os dentes e penso: É a primeira e última vez que escovo os dentes hoje.
Acordo cedo, sento na cama ainda sem roupa, e penso que podia andar por aí assim, seria mais fácil, amarrar o tênis leva um certo tempo.
Acordo cedo, tento tomar um café, mas nunca dá tempo, penso sempre que se tomasse um café, meu dia seria bem melhor.
Acordo cedo, torço muito pra sentar no ônibus e dormir por vinte m-i-n-u-t-o-s.
Acordo cedo, durmo no ônibus por vinte m-i-n-u-t-o-s, e detestavelmente sonho com a realidade.
Acordo cedo, durmo vinte m-i-n-u-t-o-s no ônibus, impreterivelmente sonho com a realidade, e coloco o celular pra despertar se não perco o ponto.
Acordo cedo, fumo outro cigarro maroto, sinto pigarro na garganta.
Acordo cedo, fumo outro cigarro maroto, sinto pigarro na garganta, e como uma maça.
Acordo cedo, fumo outro cigarro maroto, sinto pigarro na garganta, e como uma maça, quase sempre estragada e amassada.
Acordo cedo, querendo muito acordar tarde.
Acordo cedo, triste e feliz.
Acordo cedo, triste e feliz, porque a parte triste é efêmera.
Acordo cedo, penso pouco.
Acordo cedo, cantanto pagode.
Acordo cedo, cantando pagode, que nem sei onde aprendi.
Acordo cedo, ouço conversas paralelas.
Acordo cedo, tão cedo.
Acordo cedo, e falo espanhol.
Acordo cedo, e falo espanhol, porque durmi pensando no Maria Lígia Prado.
Acordo cedo, com os cabelos ainda molhados.
Acordo cedo, com os cabelos ainda molhados, da noite anterior.
Acordo cedo, e pareço inerte.
Acordo cedo, mas queria dormir até às 13:47h.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

- "Metade da fala no chão"

Qual é a parafina da minha vida?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

- Big Sur

Tenho novos planos, preciso de mais Jack, mais House e mais esperteza.

domingo, 25 de julho de 2010

- You've changed 4:37

Sabe qual é meu sonho, criar um clichê.
Porque copiar é digno, desde que se sinta, se aproprie, se mergulhe, se abstenha da posse, da propriedade. Copiar é bom, é sadio, desde que seja a verdade, a sua verdade. Desde que não ressignifique o desejo verbal alheio.
Me senti enganada essa semana. O rótulo dizia: Vinho Tinto Doce. E não era. Na verdade era, mas logo embaixo, com letras até grandes, estava escrito em italiano: Frizzante (e eu nem sei se eram dois "z" ou dois "n"). Decepção.
Mas é assim mesmo, a gente só lê o que quer. A gente só vê o que quer.
Voltei a ter congestões noturnas, sempre a Etta é a culpada. Desta vez dói mais, incomoda mais. Machuca mais.
Ah querido, não se sinta enganado, não amado, não desejado. Nosso problema não é amor, talvez seja excesso dele. A gente só não percebeu, que é tão fácil esquecer as coisas quando estamos juntos, e tão difícil compreendê-las quando separados. A gente não percebeu que agora somos só a gente, puro nós. Nem se quer falamos sobre outras coisas, projetos, músicas, problemas...a gente só fala de, aliás, a gente não fala, a gente só faz o nós. Estamos crus, percebe?
Eu ainda dou tudo o que posso, a diferença é que o que eu posso não é tão bom assim. Revoguei algumas promessas, mas mantive as mais importantes, acredite.
A sorte é que tinhámos chocolate meio amargo.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

- Que tal baixar o televisor?

Quando eu olho pra noite, e ela pisca pra mim, é certo que ela vai me seduzir, me envolver. Todos os dias, as noites são a melhor parte do meu dia. Gosto tanto de me sentir só por algumas horas, de ver coisas minhas por vários tempos, de ler as coisas que eu quero e as que eu não quero, de fantasiar a minha vida com outras caras, corpos, cabelos, roupas, pessoas, outras palavras, outras músicas, filmes, séries, idades...eu adoro ir dormir pensando nos eus, encaixando músicas em momentos que eu vivi, e nos que eu não vivi, colocando na boca das pessoas o que eu quero ouvir, mudando o que elas falam, colocando-as em função do meu querer! Ao meu "belprazer". Elas não podem reclamar, não podem reivindicar, não podem se manifestar, eu faço o que quero delas! Eu tiro e ponho suas roupas, faço andarem sobre as nuvens, faço procurarem coelhos rosas...faço elas me amarem, me odiarem.
Eu adoro ser diretor da vida dos (meus) outros. Nessa hora, dos meus devaneios, todas as pessoas, inclusive as desconhecidas de metrô, são minhas. E eu as manipulo, para montar um filme, um filme noturno, um filme de insônia. Me divirto tanto. Eu sei tudo o que elas vão dizer, tudo. E elas não têm escolha, elas me obedecem, por que todo mundo está na minha cabeça, ao meu domínio! Ah meu Deus, isso é tão fascinante!
De um jeito ou de outro, eu tenho o controle sobre alguma coisa.
Sabe, eu tenho pensado muito numa coisa. Tudo está escrito, destino. Sério nada é por acaso. Eu sei, sei que isso é um clichê sem precedentes, mas, eu acredito nos clichês. De verdade. Todo clichê é um truísmo, e sim, todos os truísmos são verdadeiros. Eles são "construídos" a partir de uma observação, que se tornou comum...é uma construção tão coletiva, que não pode ser mentira.
Eu preciso arrumar alguma coisa que me faça dormir cedo, perco tanto tempo com a minha ficção, que esqueço da realidade, não, nem sei por que escrevi essa frase, por que, essas ficções, estão na minha realidade. Enfim, fumarei um cigarro, e depois vou para as gravações, eles estão me esperando.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

- América.

Gabriela Maria Tereza.
Tri composto, rindo disso até agora.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

- uma escova de dentes.

O inferno sempre são os outros, e eu sempre sou os outros.
Eu sou meu próprio inferno, por querer sempre ser os outros
quero eu, preciso de mim
agir por mim, pensar no eu, fazer o eu acontecer...
preciso de uma bolha...preciso de um cigarro, uma cama, uma vida, uma escolha, uma música, uma escova de dentes.
o inferno sempre são os meus outros eus.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

- Ojesed

Algo estranho aconteceu, talvez eu esteja bem fora do ar.
Me destraí por um momento, e a vida acelerou a minha tela, acordei no segundo tempo, e não entendi nada.
Hoje, reli uma coisa que me fez acordar do automático, cinco anos - em cinco minutos.
Puta que pariu, volta a fita, quero achar onde foi que eu sentei no sofá e fechei os olhos, quero olhar pra tela e perceber onde foi que eu dormi no ponto, quero entender quando foi que fui de 10 pra 18 invernos.
Chame os paramédicos, que eu estou pra ter um trosso aqui embaixo.

terça-feira, 29 de junho de 2010

- Retificando.

Talvez elas gostem sim.

sábado, 26 de junho de 2010

- Futura Nostalgia.

De uma conversa de bar, se abstrái muita coisa. Corpo, mente, filosofia, música, jogo do Brasil, silêncio, 17 cervejas, artimanhas para que o garçom nunca te engane no tocante "quantas cervejas foram?", muitas idas ao banheiro, muitas risadas sem sentido, muitas risadas com sentido, muitas frases de efeito, muitas frases sem efeito, muitas citações de pessoas desconhecidas, muitas psicologias amorosas, muitas indagações, muitas referências de pessoas que as pessoas não conhecem, mas você conhece, muitos amendoins, muitas levantadas de cadeira para fumar um cigarro, muitos cigarros, muitas dicas, muitos conselhos, muitos amigos, amigos desconhecidos.
As vontades que nunca acabam, as contidas num espaço chamado corpo, as presas num espaço chamado mente, as soltas num espaço chamado alma, as realizadas num espaço chamado imaginação. Tudo o que não foi feito, foi feito. E a gente sabe disso, sabe mesmo.
Isso é cinco, ou talvez trinta, mas eu acredito na sinceridade, na cumplicidade, na verdade de coisas que não são bem verdade. A gente ri disso, mas é tão trágico.
Há sempre um copo de mar pra um homem navegar, há sempre um copo de cerveja pra um homem imaginar, há sempre um copo de café pra um homem acordar, há sempre um copo de vida pra um homem transbordar.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

- Na trave.

Tenho falado demais. As outras pessoas do mundo, não gostam de pessoas que falam demais.

sábado, 5 de junho de 2010

- Nem vem que não tem.

Só por que quando eu tô de saco cheio, quero que todo mundo se enfie num saco preto e se jogue num caminhão de lixo.

sábado, 22 de maio de 2010

- Tomando toda solução.

Feto, pequeno.
Às vezes, parece que não há muito tempo.
Será que é um mimo do destino?
Só sei que quando me pego comigo, discuto comigo, sobre se eu ainda vejo, se sou capaz de ver. Estou ficando bêbada com tudo isso, embreagada com essas fortes fontes de percepção. O silêncio tem sido minha melhor argumentação, eu acredito no acaso também.
Acho bem difícil que, com as poucas horas em que meu corpo parece padecer, eu consiga pensar em algo melhor.
Eu estou dando uma rasteira no tempo.
mas quem está caindo sou eu.

sábado, 10 de abril de 2010

- Popol Vuh.

Eu alterei a ordem dos fatores, e o que aconteceu foi tão imprevisível.
Tudo bem, o leite tá ruim, a mortadela também. Eu estava mesmo com fome.
Passei tanto tempo idolatrando os bons, e descobri que os maus são eternos. Os sarcásticos, os dissimulados, os irônicos. Os irresistíveis.
Aliás, acreditei por tanto tempo que os bonzinhos eram bonzinhos e mereciam a pureza da palavra. E aí, tudo isso desaba num conjunto de gestos, isso mesmo, sem proferir uma só palavra, que interpretados mostram que os bons só são bons, por que não conseguem ter a superioridade de serem maus. A maudade é tanto quanto a bondade. Não que esteja defendendo atitudes maudosas, estou defendo a pureza de um ser mau. Porque ele não sofre, ele não conhece a compaixão, nem a empatia.
Me enganaram todo esse tempo, dizendo e selecionando os tipos de pessoas, povos, idéias e vidas; como se só existissem duas classificações para todo o universo. Não, não há. Há o "mais ou menos", o "talvez", o "quase", o "quem sabe". Há os "meios", não só os "começos e fins". Há algo além de 1 e 2, A e B.
É triste, na verdade é frustrante, passar a vida classificando todas as coisas entre duas prateleiras, e descobrir que há muitos armários, que na sua cabeça, estão vazios, estão esperando algo para preenchê-los, e como você não sabe como classificar o que nunca foi classificado, eles ficarão vazios, até que você derrube àquelas prateleiras, e faça tudo de novo.
Eu poderia ter comido outra coisa, mas aquilo me parecia atraente.
É sério, esse papo todo tem muito a ver com isso. Eu escolhi comer alguma coisa, e comi. E foi péssimo, e foi ruim, eu fui mau conscientemente, e pior, fui mau comigo mesma.
Essas são as consequencias de fazer algo que não se está preparado, você enlouquece, e eu não estou falando da mortadela, estou falando de história, de outro mundo, de outra esfera, de outro estado, de outra posição. Estou falando de 100 páginas por dia, de pessoas solitárias, de palavras transbordantes. Estou falando de mentiras absolutas, e verdades...não, definitivamente, não estou falando de verdades.

quarta-feira, 31 de março de 2010

- Em Russo.

Estou longe, estou em outra estação.
De qualquer forma quem volta sozinha pra casa sou eu
e de verdade, eu sou cruel comigo, meu corpo alimenta meus espíritos
meus espíritos libertam a minha mente.
transcrevo o que ele diz, por que faz todo sentido, pra mim, para ele.
estou longe, longe...
estou em qualquer estação.

domingo, 21 de março de 2010

Meta fora.

Hoje, ouvi alguém dizer que estava tramando contra o tempo.
É só uma frase, um efeito. O tempo me pegou na esquina. Mal sabia eu, o que me esperava na curva. O tempo me deu a chance de concretizar planos, e reiniciar outros, falir alguns.
O tempo tem me dado presentes incríveis, me trouxe num vento de março a sorte, e eu, que quase nunca acreditava na sorte, percebi que ela é como deus, ou talvez seja o próprio.
O tempo, a sorte, deus...essas coisas me fazem lembrar de quando eu ainda pensava no futuro como uma coisa tão longe, tão sólida.
Hoje também, ouvi outra frase, e faz todo sentido, achar que, tudo o que é sólido, pode derreter. E pode.
Vi tanta coisa derrter nesse vento de março, tanta coisa se esvair do meu cigarro. Esquece, agora é só a maturidade, só ela pode trazer de volta o que o vento levou, o que o cigarro queimou.
Eu detesto mesmo jogar um cigarro quase inteiro quando vem o ônibus, mas isso sempre, sempre acontece comigo. Às vezes eu jogo o cigarro, as vezes eu jogo a sorte. Mas não sei, será que tenho escolhido certo? O que vale mais, o cigarro inteiro, ou a pressa de chegar?

segunda-feira, 15 de março de 2010

- No sofá, no mim.

Sempre foi assim. Quase gêmeos. Quase um.
desde sempre, quase nunca.
mas, a gente sabia que, uma hora ou outra a separação era evidente, digo, a separação de corpos.
os caminhos se cruzam, mas não são paralelos. Se cruzam, mas não nos cruzam.
eu só penso nessa dor, do cigarro não dividido, do beijo não dado, do encosto não encostado, da revolta não compartilhada.
devia ter fumado mais, beijado mais, encostado mais, revoltado mais.
sem isso, o que vai ser? Sem nossos imãs, como vai ser?
sem seu afago, como vai ser?
sabe, detesto a solidão, detesto o silêncio, detesto estar longe, estar apenas comigo, por que eu sou tão cruel comigo, tão cruel.
como vai ser, querido, como vai ser?
Você lá, com a pop art e eu cá com minha fixação.
não fique longe, não se deixe longe, pode ir, mas se deixe aqui comigo, por que parece besteira, mas tão pouco tempo, é tão muito tempo.
não esqueça, antes de ir, te deixe no sofá.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

- Vinte e cinco.

Uma hora a mais. Todas as pessoas a menos. Foi assim que foi o dia de vinte e cinco horas. Eu e o meu cigarro. A sós.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

- Testa.

Hoje, fizeram em mim, uma cruz na testa, com cinzas.
Eu tinha acabado de tomar banho. Relutei um pouco. Depois da cruz, me deram um beijo terno.
Eu já tinha esquecido, de como as coisas eram sinceras naquele tempo. De como as coisas aconteciam de um jeito tão genuino.
Se eu acreditasse, seria melhor, talvez seria mais fácil. De qualquer forma, acredito nela, e nas lembranças boas que nos nutria. Acredito em alguma coisa, algo que nos fez feliz.
Queria mesmo cinzas no meu cinzeiro, que hoje tá vazio.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

- Gastro - sentimental.

Já tinha notado que era insônia, mas a noite lhe parecia tão atraente.
À noite, música triste é melhor.
Me dá azia. Música triste é um prato cheio, e não é preciso ter fome para devorá-la. É irresistível, é suculenta, é carregada de massa, é pesada, é indigesta. Mas, todos sabem, o que é perigoso, intenso, denso, é mais gostoso, é mais.
Pois é, tem gente que diz que músicas tristes só são ouvidas e sentidas por pessoas tristes.
Agora, Joni Mitchell com Mussarela e coca-cola. Mais tarde, quem sabe, Etta com vinho tinto seco. Se bem que Etta, foi o prato principal a semana toda. Maysa...pode ser.
Mas só se ainda tiver sal de frutas na cozinha.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

- Formspring.me

Fizeram uma pergunta tão ilógica, que sem pensar ela respondeu a terceira das duas alternativas que lhe foram propostas:
- Um malboro. Um não, dois. Afinal, só existe uma coisa, a qual um Malboro não possa substituir.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

- Compromissos inadiáveis.

Ela acorda. Ainda na cama, pensa em dormir mais, pensa em levantar e correr, ou então não acordar até o próximo Dr. House, mas ela resiste às tentações, então levanta, e antes de morder a pêra, olha sua agenda. Mais um dia cheio. De nada.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

- A sós.

Ela precisava conversar, mas era tarde da noite. Então, ligou as luzes do quarto, abriu a gaveta e pegou sua caixa de lembranças. Boas, ruins, ambíguas . Vasculhou todos os papéis, releu cada lembrete, cada cartinha velha, cada foto amarelada, cada suspiro de passado, presente e talvez futuro.
Só conseguiu dormir, depois de mandar todo mundo de lá calar a boca.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

- A cômoda.

Ela esperou que a noite acabasse em seu apartamento, com as luzes apagadas, e a Etta James ditando os próximos passos. Ele, as luzes apagadas, e o seu ronco interrompendo os próximos passos.
Pelo menos algo eles têm em comum, ambos preferem as luzes apagadas.
Mulheres.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

- Um segundo.

Contou com os dedos trêmulos, cochichando consigo mesma, as pétalas da margarida. Bem me quer, mal me quer. Mal sabe ela que a margarida continha pétalas em números pares.
Margaridas nem sempre são tão verdadeiras e sentimentais.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

- Em primeira pessoa.

Vestidos com as roupas de Deus
Desprovidos da indecência (sub) humana
Desenhando com a ponta dos dedos
as curvas não-perigosas do desejo.
Ora cola, ora fala, ora cala...
é assim.
Olhos, bocas e beijos
Bocas, olhos e abraços
Boca-olhos-beijos-abraços.
Amor individual, reproduzir amor sozinho é assim.
Amor em 1ª pessoa.