sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Se (a)tente.

São alguns anos. Eu nem lembro muito bem quem eu era antes do vento forte que derrubou as minhas certezas. Coisa estão por vir. Uma vida de porvir. Estou feliz? Talvez só um pouco aliviada, acabar alguma coisa é sempre confortante. Desesperador.
O que será? Nunca estou satisfeita. É o mundo que me sobra ou que me falta (?) De tanto mundo eu me calo, fico mudo. É tudo tanto, não?
Espera, paciência. Tente não enlouquecer, tente esquecer e lembrar o tempo todo o que você não quer ser. Isso é um algo essencial.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Levante suas mãos sedentas e..

A gente tá tentando manter a sanidade, a saúde dos cabelos, a compostura. A gente tenta, se esforça, se faz de otimista, de feliz, de desencanada, de politizada, de desinibida. Mas dentre tantos foras e voltas, é assim que a gente fica (?)

terça-feira, 5 de julho de 2016

sobre aprender a tocar um violão (ou não).

Depois de tanto tempo, eu ainda me choro com as suas piadas. E no fundo, eu sempre soube, que essa história, a nossa, ia ser sempre uma promessa. Depois de tanto tempo, eu ainda penso no quanto que se perdeu de cada um de nós, no abismo dos dias, meses, anos. Talvez fôssemos outros nós. E talvez nada de nós sobrasse no fim das contas. Quando lembro disso, quase acredito que tudo o que passou foi só, foi pouco. Será que o mundo seria generoso conosco? Ou no fundo, ele o foi? Acho que o parâmetro estava errado, sempre esperamos muito sobre o presente, mais ainda sobre o futuro. Esse não é um texto para lamentar, nem pra comemorar. Na verdade esse não é um texto pra coisa alguma. É só aquela velha vontade de mais café e menos nostalgia.
Eu me lembro de quando tudo mudou de cor, eu achei que as coisas seriam grandes, grandes mesmo. Eu apostei tudo numa pessoa que eu achei que chegaria a ser. E não fui. E, talvez, hoje, eu nem quisesse mais ser essa pessoa que eu queria ser antes. Pois bem, o futuro chegou, e nele, eu não consegui ainda colocar um outro eu. O futuro chegou, mas eu ainda procuro o quê era mesmo que eu queria (?). O futuro chegou, eu ainda fumo cigarros baratos, subo a colina, enfrento as entediantes pessoas geladas. Ele chegou, e eu ainda luto pra encerrar o ciclo daquelas novidades de outrora. Tudo mudou não é mesmo? Será que sobrou algo de nós dentro de nós? Será que de algum jeito, não sou só eu que reproduzo os trejeitos do passado (?) Será que aquelas músicas ainda são ouvidas com a mesma intensidade...eu não sei onde foi, mas lembro de quando as coisas mudaram de cor.
Eu luto pra defender uma versão de mim, que eu nem sei se merece defesa. Eu quero muito encerrar o ciclo, preciso mudar o caráter dos problemas, porque do jeito que eles estão hoje, ainda existe você neles. Existem ainda as velhas, e já amareladas pelo tempo, promessas. Talvez eu seja um alguém sempre insatisfeito. Eu lembro de quando as coisas mudaram de cor. Eu era a parte que sempre fugia, a parte que sempre quer o futuro. É isso mesmo que aconteceu. Quando é que vamos ter certeza de que fizemos tudo o que podíamos? Quando é que vamos saber se era esse o nosso último cigarro? Eu lembro disso. Talvez eu realmente precise de novos problemas. Eu preciso produzir, eu preciso me sentir satisfeita, eu preciso parar de fumar cigarros baratos, eu preciso mudar de trajeto, eu preciso rir de novas piadas, eu preciso criar outros parâmetros para o amor, para a dor, para a dança, para a música...eu preciso saber urgentemente por quê a grama nunca é tão verde.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Sem fé.

Uma onda de desesperança me engoliu hoje. É o mundo de novo. Eu insisto e comê-lo demais, morrer de azia.
A situação material continua gritando numa urgência absurda. E eu, como sempre, me perdendo nas ideias. Ingenuidade, no fundo sempre fui otimista.
Talvez eu realmente ache, desde pequena, que tudo é urgente - desde o café, até a revolução. E nessa minha embaralhada percepção do mundo, tem uma hora que o café se mistura com a revolução.
E que revolução? A ansiedade é a arma mais eficaz do mundo capitalista, não é? A gente não tem a capacidade de pensar na singularidade. Eu fico sempre entre alguma coisa que estou fazendo mal porque estou pensando na próxima coisa que deveria estar fazendo e a vontade de não fazer nenhuma delas e me perder na razão das ideias.
E que ideias? Eu não tenho como defini-las, eu não tenho como engavetá-las, eu não tenho como medi-las. Eu não tenho nenhuma ideia do porquê tenho que ter ideias.
Eu tô me perdendo dentro de mim, e não consigo achar o caminho de volta pro ser que vive no mundo. Eu não faço ideia de quem eu sou nele, e nem faço ideia do que eu sou em mim. E não sabendo disso, estou cada vez mais à deriva da minha percepção sinestésica, difusa, confusa sobre tudo, e ao mesmo tempo sobre o nada.
E que poesia? A poesia que não sai, que não consegue sair, volta como uma bala de canhão pra dentro, e espalha no dentro, aquilo que deveria espalhar pra fora. É como comer.
Eu não tenho mais nenhuma empatia com o que eu existo, e não a tendo, não me paro de afetar.
E que afeto? Eu não tenho mais a sapiência das crianças pro afeto, o meu afeto é explosivo, corrosivo, destrutivo. Eu me afeto como uma porrada. E eu sei que as porradas são menos significativas do que os afagos.
E que leveza? Não há nada de leve, em ser levado. O mundo tem me levado. E, assim eu me fico leve demais pra não ser levada.
E que peso? Além do da existência, o de comer o mundo, e engoli-lo com café.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

zero

O que querem?
A vida não tem passado.
E tudo o que se tem, é o que falta.

sábado, 26 de março de 2016

Rima pobre.

Na cidade de pedra
Se não tem mato, eu me morro
No concreto dos prédios
Se não tem ar, eu me atiro
Na fumaça dos carros
Se não tem pé, eu te peço
Que no sufoco dos dias
Se não tem trégua, eu me entrego
No sofá eu me deixo, e no copo me queixo
Por um pingo de água, por um pingo de apreço
Na cidade do escuro, no horizonte eu me perco
E nas ruas ferventes, nos homens sujos me vejo
Se o tempo eu vendo, no espaço me prendo
Pra pagar o que nego, e dever o que penso.

sábado, 12 de março de 2016

Das coisas que eu não sei fazer.

Estava eu só, fazendo as contas na varanda. Estava calculando se devia ou não fumar aquele cigarro. Calculei: um maço custa r$ 7,50 dinheiros, dividi, no meu esforço humanóide, isso por 20, conclui algo por volta dos 0,40 centavos de dinheiro. Pensei que, está inviável fumar um maço por dia. Pensei então que deveria fazer o maço durar por dois dias, e calculei de novo o quanto isso me custaria. Eram quase dez da noite, e chovia de leve. E eu ainda me punha nessa danação de calcular o alívio. Tinham quatro. Pensei que se fosse dormir cedo, talvez durasse até o almoço do dia seguinte, e comecei a arquitetar de que forma dormiria cedo, na angústia do alívio. Talvez se me deitasse e forçasse a mente ao nada, conseguiria. Não dava, estava muito entediada pra dormir. Então pensei que se Julia chegasse em casa, pediria um cigarro pra ela, e pouparia os meus. No fundo, eu não conseguia parar de pensar em como resolver o impasse. Passei um café, numa ilusão de que isso postergaria o cigarro. Na verdade, sabia eu, que isso seria fatal.
Pois bem, eu acendi o dito. E dava duas longas tragadas, enquanto colocava meu tesouro na mureta. Ao bater a primeira leva das cinzas, não teve jeito de impedir. O vento forte carregou meu maço pra laje do vizinho. E aí eu quis chorar, e disse que não ia me render. Fiquei furiosa...
Quando vi, lá estava eu, na garoa, as onze, no posto de gasolina.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

saia.

É quase como uma lágrima, mas não é exatamente. É quase.
Alguma coisa precisa sair de dentro se não eu me morro.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

B

Primeiro é aquele momento eufórico de ter a posse de si, e dos outros em consequência. Depois vem aquela ansiedade de ter a si, e ter tudo. Depois vem aquela sensação de não saber o que fazer com si. Fica difícil saber sem saber tocar um violão.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

sobre as mesas.

Sobre escrever coisas, sobre lembrar de coisas. A nostalgia é uma constante na vida dos ansiosos.
Um café, um cigarro, um café, uma cerveja, um cigarro. Faz algum sentido não se sentir só? Como pode alguém, no meio dessa coisa toda, não se sentir só?
Sobre vida saudável, cinema israelense, conflitos políticos do sul do oriente médio, do leste, não sei, sobre as conjunturas da decadência humana desde há dois mil anos atrás, sobre crianças e velhos e a tecnologia...enfim, parece que só gente de meia idade pode mexer com as telas touch...enfim, sobre essas coisas que as pessoas andam falando por aí. As pessoas andam falando por aí, e falam bastante sobre coisa alguma, e na verdade elas não andam falando, elas falam paradas mesmo, e bem paradas, quase imóveis. Nunca entendi muito bem essa coisa de "andam falando", o português é engenhoso mesmo né. Na verdade são muitas coisas, mas nem da tempo de pensar sobre o quê direito das coisas.
Eu tenho a sensação que todo mundo está deixando progressivamente de ser louco.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

!

É só minha cabeça deitar-se sobre a fronha (nome feio) florida pra que todas aquelas pessoas comecem a transitar. Mas não é possível!! Por quê agora? Já subi ladeiras, lavei as louças, li uma porção de páginas daquele livro, já fiz um chá, já fumei um e dois...não.
Seres impacientes, por que não me dão alguma tranquilidade noturna? O mundo não vai acabar de madrugada. 
Eles saem zumbizando do fundo da minha cabeça e falam por horas sobre todas as conversas que por algum motivo eu não tive tempo de ter. Todas as resoluções, todos os fins de conversas difíceis, todas as vezes que esqueci o nome de uma coisa...tudo isso surge num lampejo maravilhoso de euforia, e aí fico pensando que podia escrever um telegrama para cada uma daquelas pessoas falando aquilo que faltava, e lembrando o nome de todos aqueles cantores de sucessos populares, que em algum bar da cidade, em alguma hora da madrugada, eu esqueci.
Oras, fico com esse mosaico de informações lembradas: Katinguelê, Kant, Doroty Marques, Robinson, Jacksons Five, Murilo Mendes, e mais tantos nomes e coisas que esqueci num momento de perda de memória recente. Logo imagino como a conversa teria sido melhor se tivesse lembrado disso naquela hora.Ou então, como seria melhor se eu tivesse lembrado de dizer aquele desaforo quase catártico quando ouvi umas injúrias na boate.
Enfim, acho responsável mandar um telegrama. Ninguém pode viver sem saber que essas coisas e nomes estavam ali...talvez todos possam, menos eu. Eu preciso comunicar. Preciso dizer que lembrei aquilo que esqueci antes que eu me esqueça. Se eu não faço isso fica todo mundo fazendo algazarra na minha cabeça, como se tivessem me lembrando que eu não posso dormir devendo a informação inútil. Fico compondo os contextos, fico remontando as falas, dirigindo a vida em remake.
Vanessa Rangel.