segunda-feira, 29 de outubro de 2012

- pagar com visa é muito melhor.

Eu tenho um caderno. Comprei-o pra uma matéria da faculdade, chamada Teoria. Mas eu roubei esse caderno pra mim. Tentei escrever nele coisas minhas e suas. Tentei projetar nele minha ansiedade e a minha falta de criatividade. Descobri que não consigo fazer isso. O caderno ficou lá, sozinho, sem teoria. Eu estava lendo as velhas coisas que estão aqui, e vi que estou ficando tão sem jeito pra esse negócio de entender. Eu queria juntar dinheiro pra ir viajar, mas eu tenho medo disso, queria ir, mas gosto de ficar. Queria voltar pro circo, queria voltar num tempo, queria ser corajosa, queria isso e aquilo. No fundo, eu não queria nada. Não consigo fazer nada que planejo, não consigo parar de planejar, não consigo ser pessimista, não consigo me desapaixonar pelas coisas e pessoas, não consigo dizer adeus, nem olá. Fica tudo como está, tudo como deve estar. Nada de novo no front. Não consigo falar de amor, nem de desamor.Não consigo me ver, nem me mudar. Não consigo sair, nem entrar, não consigo fluir. Não consigo fluir. Não consigo ir a festas, não consigo suportar o tédio. Não consigo me mexer, não consigo me parar. Eu não sei, mas não consigo deixar de saber, por que o mundo não me surpreende? Não sei, mas estamos todos esperando ansiosamente que o mundo o faça, daqui uns dias. Se o mundo for mesmo acabar, por que eu ainda pago contas à vista?

quarta-feira, 27 de junho de 2012

- sem nome ou endereço.

Preciso de um pouco mais de ar, um pouco mais de tempo, um pouco mais de espaço, um pouco mais de mar. Eu preciso tomar cerveja por dois reais, preciso andar de bicicleta, preciso ver casinhas coloridas, preciso de sorrisos nacionais e internacionais. Preciso olhar pro céu, e ver o céu. Preciso de amor, um pouco mais de amor, daqueles surreais, daqueles que não são humanos, talvez eu precise adotar um cão, ou um peixinho solitário. Preciso de inspiração para ler livros que eu nunca ouvi falar, e ouvir as velhas músicas que eu tanto prezei. Preciso de mim, um pouco mais de mim.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

- blues power (8:41)

eu não quero ficar a vida inteira lutando contra o sistema. eu não sei pra quê servem virgulas, pontos, pontos - virgulas, nem sei. Acho que a vida é tão maior do que tudo isso, acho que as pessoas ficam discutindo de graça o que outras pessoas são pagas pra discutir. Eu gosto de ouvir uma boa música ruim e sorrir, por que ela existe apenas pra me fazer sorrir, eu gosto de tomar uma cerveja gelada e chegar a conclusão de que todas as cervejas são iguais. Eu já disse tudo isso, mas parece que a vida é cíclica mesmo, há uns cinco anos eu estava nesta mesma agonia do ser, eu estava me masturbando com as mesmas indagações sobre as irritações megalomaníacas de pessoas que realmente não tem por que ou por quem viver. Olha, eu percebo quão boa é a felicidade, por que toda vez que estou muito feliz não faço mais nada além de ser feliz. A felicidade toma todo o tempo de quem a vive, ela consome toda a energia, a felicidade gasta todo seu dinheiro. Daí eu percebo, como disse, que é a terceira vez que escrevo alguma coisa bem estranha essa semana, que tenho sentido tédio, que tenho sentido saudade, que tenho sentido apatia, que tenho sentido azia. Acho que tudo isso é tristeza. Tristeza que deixa a gente intelectual, fino, blasè, deixa a gente até mais bonito, mais organizado, com mais dinheiro. Porque é assim que a tristeza faz, ela te deixa tão interessante e criativo, e ao mesmo tempo tão exigente e chato que só a tristeza se torna verdadeiramente atraente. Internet, café, cigarro, cinema israelense, tv a cabo, só servem mesmo pra pessoas tristes. Só. Quando a felicidade existe, a gente ouve qualquer coisa e ri, a gente vê qualquer coisa e ri, a gente ama qualquer alguém e ri, a gente não precisa de tv a cabo, não precisa de cinema israelense. Se bem que, café serve também pra quem trabalha, mas todo resto é pra quem é triste. Eu queria ficar mais poética possível, pra pelo menos a tristeza servir pra alguma coisa, mas eu tô ficando tão de saco cheio disso tudo, que a poesia é o silêncio, a poesia é mais o que deixo de dizer, do que o que eu realmente digo. A poesia está no analisar a tristeza, e a minha tristeza está tão "novela das oito" que nada há de poético. Eu costumo trocar uma ideia com as ideias quando tô assim, mas nada melhor do que um blues power para consolidar o status: tristeza blasè. Não, não, status: tv a cabo, cinema israelense, café e liberdade.

domingo, 3 de junho de 2012

- Senti (metros) de amor.

estava pensando em correr riscos. mas só de ouvir a palavra "correr" não me animo muito, sou fumante e não sei correr. estive pensando em continuar andando na linha reta, mas lembrei que "continuar" pressupõe que eu já faça isso. estava pensando em amar, amar. é mais fácil assistir filmes e ouvir músicas, amar, é uma consequência brutal. acho que esses últimos goles, últimos tragos, últimos beijos, são tão singulares. Preciso crescer, fazer o último, ter o último, ser o último me daria alguns centímetros de amor e nostalgia.

domingo, 13 de maio de 2012

- seria um acaso, e não sorte.

Eu bem que senti a vida batendo a porta, mas esperava que ela interfonasse antes de desistir. Sempre falo pro porteiro deixar qualquer um subir, justo nesse dia passei a ser seletiva. Acho que poderíamos sair pra tomar um café, ou mesmo algo alcoolico, sei lá, pra falar da vida...não, não, pra falar de mim.

sexta-feira, 2 de março de 2012

- O som dos cubos de gelo - em 6 de agosto de dois mil e nove.

É um som melancólico, aveludado, triste. Delineando as próximas reações. Colocando as palavras na boca de quem ainda pensa em não pronunciá-las.
O seu silêncio comedido, vai me fazendo gritar por dentro, acaba por me ensurdecer.
Vamos esperar nossa próxima parada, vamos aguardar onde seremos jogados pra fora um do outro. Qual será a próxima regra quebrada por infratores insanos, por mendigos de um amor de migalhas?
Temos recolhido os farelos que caem dos nossos corações cansados. E vivendo de restos, vivendo de meados, meros, apenas, só.
O veludo da música, é Etta eu acho, vem trazendo as memórias inventadas por nós, nossas vaidades de areia, nosso universo de vidros sem nenhuma transparência.
Que dia difícil tivemos hoje, e tudo que eu desejo agora é ter inspiração, pra que o meu silêncio faça algum sentido

sábado, 11 de fevereiro de 2012

- 29 de dezembro de dois mil e nove

- Cerveja Gelada.
Só pra constar, eu ainda fumo no banheiro social.
E estou farta de poemas rimados, cansados,ocos, típicos de quem não tem o que dizer.
Além disso, estou cansada de ter de usar pontos e virgulas pra separar o inseparável.
Olha, sinceramente, eu estou é cheia, de ter de escutar pessoas falando coisas que não querem dizer, e só dizem para mostrar um lado patético do que eles temem, do que eles odeiam, e querem ser.
Pode até ser dadaísta, anti-arte, até mesmo militarista, mas eu odeio mesmo o Chico Buarque.
Acredito nas coisas que fazem sentido ser ser, sem fazer. Acredito nos poemas desconjuntados, nas palavras de amor grotescas, no ritmo mais "aritmado", eu acredito é na pureza do cínico, nas conversas de boteco, e que todas as cervejas, são, de fato iguais.
Eu quero sim, é um dia ter de fumar o cigarro mais barato, e talvez ter problemas de saúde. Mas e aí, quem pode mandar em mim, além de mim?
Eu quero é que se danem os undergrounds, os parasitas das vanguardas que não existem, eu quero é que se desiludam os que acham que são os primeiros ou os últimos a dizer, ouvir, ver ou ser alguma coisa. Eu quero é que as métricas, os sonetos, e as poesias ultraromânticas, vão pro inferno, porque elas não dizem nada, nada do que todo mundo já não saiba. Nada que uma boa noite de amor (ou sexo), não diga.
Eu quero é que Jack Kerouac enfie na sua magnitude intelectual - beat generation, toda a sua ignorância, porque o que ele diz, eu vejo todo dia, aqui na favela onde eu moro. É Sério, vejo todo dia, adolescentes bêbados, experiências sexuais, contrações filosóficas...
E, eu quero também, que as pessoas vejam, vejam. Vejam que nem tudo precisa ter um sentido lógico, que nem tudo precisa agregar algo ao seu conhecimento. Que as pessoas entendam o valor de escutar uma música, e ela não ter nada a te ensinar, que ela apenas te faça sorrir, por que ela só existe pra te fazer sorrir. Que esse bando de gente chata, que nunca escutou uma boa música ruim pra se divertir, entenda que a vida é "ilógica", e as coisas podem ser alheias, e babacas, e não há problema algum nisso, porque todo mundo foi e é alheio, e consequentemente, babaca.
Eu estou dizendo tudo isso, porque, as pessoas só falam disso. Vegetarianismo, teatro alternativo, música alternativa, Chico Buarque,Cinema Brasileiro, Beat Generation, Stones...É uma baita falta de criatividade, todo mundo se julgando diferente dizendo coisas iguais, que, talvez elas nem gostem. Eu digo isso, porque se você vai a um boteco, dar risada e jogar conversa fora, você tem que aguentar as pessoas discutindo coisas, que outras pessoas são pagas para discutir.
Meu deus, vamos ser mais verdadeiros, mais felizes, mais bobos, mais humanos. Vamos ser "a gente", vamos mostrar que a nossa revolução é a verdade, a verdade individual.
Eu acho, de verdade, que disse essas coisas, porque queria muito ter saído de casa hoje, e ido conversar com as pessoas sobre coisas idiotas e beber uma cerveja gelada, daí, é lógico, ninguém estaria disponível, hoje é segunda. E daí, é que eu tô aqui, em frente ao computador, tomando uma cerveja gelada. E trocando uma idéia com ele.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

- novela.

vendo de fora a bagunça que ficou.
nem acredito que sai disso ainda com meus sapatos e meus cabelos arrumados. não morri.
o que foi, não tenho nada pra dizer. Eu disse, eu falei que não ia dar certo, não deu ou deu. sei lá, quanto tempo tem que durar as coisas pra dizer que elas deram certo?
certo é o tempo do cigarro, certo sou eu e você em algum momento no metro quadrado, certo é a brisa que uivava nos encanamentos. certo é pensar certo. certo é saber que eu poderia estar errada, e estive, mas sou certa, sempre erroneamente certa. certo é sentar e chorar, do imediatismo, da vida de bolso e provisória.
senta lá, e vê só que engraçado, eu ainda nem tenho uma escova de dentes que não caiba na minha necessaire.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

- aqui, não lá.

nem sei o que espero, mas espero.
constante, pulsante, mas sempre espero.
agonia.