quinta-feira, 31 de julho de 2008

- Aspirinas.

Dor de cabeça constante. Minhas espectativas se restringem a observações rotineiras. Coragem é disparar um tiro pro alto e acreditar em uma intervenção divina.
Dor de pensamento. A cabeça não pensa, reproduz. A alma pensa, e a minha, só no inverno.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

- Desleal. (promessa noturna)

O copo vazio, minha dor cheia de glamour e meus sonhos expostos na mesa. Meu baralho incompleto, meu jogo "furado", minhas mentiras amarelas, meus sorrisos extremos, meus olhares perdidos e meu silêncio "tererê".
O som quebrado, as mãos formigando e meus pés gelados. A noite cheia, a casa vazia e a hora que não passa. O tédio. Soletrando: T-é-d-i-o.
Fotos velhas, momentos passados, estante cheia de coisas inúteis e bebelôs feios. Televisão colorida com imagens ultrapassadas filmadas em algum lugar longe daqui. Tudo sem vírgula.
Aldous, Morrisey, Elis, Raul, Agatha, Clarice, Janis, Renato e a porra toda. O ligth acabou, que silêncio aqui dentro.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

- No( i )te (d)os rascunhos não - esferográficos.

Nossas gargantas pálidas
Nossos corpos secos reprimidos
contra estreitas paredes mórbidas
Nossos olhares ofuscados
pelo sentimentalismo preto-e-branco
que possuem as fotos amareladas
Nossos medos que nos empurram
para o precipício das hipocrisias
Nossos pesadelos alucinógenos
se tornando reais, imutáveis
Nossos sonhos petrificados.

domingo, 13 de julho de 2008

- Lapsos de vida. (um curta - metragem, filmado por ninguém)

Meu lapso de vida, não fez sentido hoje. Apaguei uma memória.

terça-feira, 8 de julho de 2008

- Après-mort (pequenas doses de ficção)

O doce veneno escorre por entre seus lábios, matando-a, crucificando seus desejos mais profundos, lapidando com armas de anjo seus sentimentos sórdidos e solitários.
Da janela, penetra um raio de luz, clareando sutilmente o quarto escuro, cheio de angústia. A fresta brilhante invadiu os detalhes: as fotos amareladas em portas-retratos antigos; os comprimidos espalhados pela escrivaninha, coloridos, cheios de sensações contidos em tão pouco espaço; a garrafa vazia de alguma-coisa (etiqueta arrancada com suas unhas mal feitas); o espelho que refletia uma parede descascada, suja de resquícios de sangue, talvez gorfo (fruto dos excessos das noites passadas) e a pequena poltrona, cujo a espuma se vê para fora. Apesar de a luz ter invadido o quarto, ela recusava a idéia de levantar, não queria ver o mundo, não queria ver nada. Nada.
Sua cabeça girava, seus olhos se fechavam sozinhos, sua boca (ainda molhada com doce veneno), demonstrava-se seca, sua garganta arranhava, como se tivessem gatos subindo pelas paredes internas de seu corpo. A sensação a prendia na cama, matando qualquer desejo que pudesse interromper aquele momento de reflexão, aquele momento pós-porre, pós-drogas, pós-sexo - Pós- morte. São mais de 48 horas sem dormir, e mesmo assim ela queria mais, queria mais alguma coisa, que não sabia.
Estava enojada com aquilo tudo, aquele quarto mau-cheiroso, aqueles lençóis sujos, travisseiros manchados, paredes estranhas, espelho quebrado....Mas resistia. Estava cansada da mesma cena das semanas anteriores, seu corpo não agüenta tanta dor e desprezo, seu corpo não consegue mais lutar contra o que sua alma pede, seu corpo a ignora, como um adolescente ignora seus pais, seu corpo não quer deixar seu "eu" descansar...isso a mata, a mata a cada dia...
A luz se recolheu para sua origem, e o quarto tornou-se escuro novamente. Jogada naquela cama insípida, ela pensou na última palavra que pronunciara, refletiu se era isso mesmo que queria, se seu corpo seria a última fortaleza existente ou se transformaria na agulha que fica no palheiro; sem pensar novamente, ela se arrastou até a escrivaninha, pegou os comprimidos, acendeu um cigarro amassado, sabia que era assim, e embarcou naquele mundo fantástico das percepções fictícias...só assim ela esqueceu a realidade.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

- Entre Café e Nostalgia.


Ela prefere pêra ao chocolate. Hoje o dia está tão....
Ela quer um samba, uma roda, um toque. Quer um rock, quer barulho. Quer um nada e mais um pouquinho de alguma coisa. Sei lá, acho que ela quer mesmo um nada. Nada. Ela só queria querer alguma coisa.