domingo, 25 de julho de 2010

- You've changed 4:37

Sabe qual é meu sonho, criar um clichê.
Porque copiar é digno, desde que se sinta, se aproprie, se mergulhe, se abstenha da posse, da propriedade. Copiar é bom, é sadio, desde que seja a verdade, a sua verdade. Desde que não ressignifique o desejo verbal alheio.
Me senti enganada essa semana. O rótulo dizia: Vinho Tinto Doce. E não era. Na verdade era, mas logo embaixo, com letras até grandes, estava escrito em italiano: Frizzante (e eu nem sei se eram dois "z" ou dois "n"). Decepção.
Mas é assim mesmo, a gente só lê o que quer. A gente só vê o que quer.
Voltei a ter congestões noturnas, sempre a Etta é a culpada. Desta vez dói mais, incomoda mais. Machuca mais.
Ah querido, não se sinta enganado, não amado, não desejado. Nosso problema não é amor, talvez seja excesso dele. A gente só não percebeu, que é tão fácil esquecer as coisas quando estamos juntos, e tão difícil compreendê-las quando separados. A gente não percebeu que agora somos só a gente, puro nós. Nem se quer falamos sobre outras coisas, projetos, músicas, problemas...a gente só fala de, aliás, a gente não fala, a gente só faz o nós. Estamos crus, percebe?
Eu ainda dou tudo o que posso, a diferença é que o que eu posso não é tão bom assim. Revoguei algumas promessas, mas mantive as mais importantes, acredite.
A sorte é que tinhámos chocolate meio amargo.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

- Que tal baixar o televisor?

Quando eu olho pra noite, e ela pisca pra mim, é certo que ela vai me seduzir, me envolver. Todos os dias, as noites são a melhor parte do meu dia. Gosto tanto de me sentir só por algumas horas, de ver coisas minhas por vários tempos, de ler as coisas que eu quero e as que eu não quero, de fantasiar a minha vida com outras caras, corpos, cabelos, roupas, pessoas, outras palavras, outras músicas, filmes, séries, idades...eu adoro ir dormir pensando nos eus, encaixando músicas em momentos que eu vivi, e nos que eu não vivi, colocando na boca das pessoas o que eu quero ouvir, mudando o que elas falam, colocando-as em função do meu querer! Ao meu "belprazer". Elas não podem reclamar, não podem reivindicar, não podem se manifestar, eu faço o que quero delas! Eu tiro e ponho suas roupas, faço andarem sobre as nuvens, faço procurarem coelhos rosas...faço elas me amarem, me odiarem.
Eu adoro ser diretor da vida dos (meus) outros. Nessa hora, dos meus devaneios, todas as pessoas, inclusive as desconhecidas de metrô, são minhas. E eu as manipulo, para montar um filme, um filme noturno, um filme de insônia. Me divirto tanto. Eu sei tudo o que elas vão dizer, tudo. E elas não têm escolha, elas me obedecem, por que todo mundo está na minha cabeça, ao meu domínio! Ah meu Deus, isso é tão fascinante!
De um jeito ou de outro, eu tenho o controle sobre alguma coisa.
Sabe, eu tenho pensado muito numa coisa. Tudo está escrito, destino. Sério nada é por acaso. Eu sei, sei que isso é um clichê sem precedentes, mas, eu acredito nos clichês. De verdade. Todo clichê é um truísmo, e sim, todos os truísmos são verdadeiros. Eles são "construídos" a partir de uma observação, que se tornou comum...é uma construção tão coletiva, que não pode ser mentira.
Eu preciso arrumar alguma coisa que me faça dormir cedo, perco tanto tempo com a minha ficção, que esqueço da realidade, não, nem sei por que escrevi essa frase, por que, essas ficções, estão na minha realidade. Enfim, fumarei um cigarro, e depois vou para as gravações, eles estão me esperando.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

- América.

Gabriela Maria Tereza.
Tri composto, rindo disso até agora.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

- uma escova de dentes.

O inferno sempre são os outros, e eu sempre sou os outros.
Eu sou meu próprio inferno, por querer sempre ser os outros
quero eu, preciso de mim
agir por mim, pensar no eu, fazer o eu acontecer...
preciso de uma bolha...preciso de um cigarro, uma cama, uma vida, uma escolha, uma música, uma escova de dentes.
o inferno sempre são os meus outros eus.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

- Ojesed

Algo estranho aconteceu, talvez eu esteja bem fora do ar.
Me destraí por um momento, e a vida acelerou a minha tela, acordei no segundo tempo, e não entendi nada.
Hoje, reli uma coisa que me fez acordar do automático, cinco anos - em cinco minutos.
Puta que pariu, volta a fita, quero achar onde foi que eu sentei no sofá e fechei os olhos, quero olhar pra tela e perceber onde foi que eu dormi no ponto, quero entender quando foi que fui de 10 pra 18 invernos.
Chame os paramédicos, que eu estou pra ter um trosso aqui embaixo.