sexta-feira, 13 de maio de 2016

Sem fé.

Uma onda de desesperança me engoliu hoje. É o mundo de novo. Eu insisto e comê-lo demais, morrer de azia.
A situação material continua gritando numa urgência absurda. E eu, como sempre, me perdendo nas ideias. Ingenuidade, no fundo sempre fui otimista.
Talvez eu realmente ache, desde pequena, que tudo é urgente - desde o café, até a revolução. E nessa minha embaralhada percepção do mundo, tem uma hora que o café se mistura com a revolução.
E que revolução? A ansiedade é a arma mais eficaz do mundo capitalista, não é? A gente não tem a capacidade de pensar na singularidade. Eu fico sempre entre alguma coisa que estou fazendo mal porque estou pensando na próxima coisa que deveria estar fazendo e a vontade de não fazer nenhuma delas e me perder na razão das ideias.
E que ideias? Eu não tenho como defini-las, eu não tenho como engavetá-las, eu não tenho como medi-las. Eu não tenho nenhuma ideia do porquê tenho que ter ideias.
Eu tô me perdendo dentro de mim, e não consigo achar o caminho de volta pro ser que vive no mundo. Eu não faço ideia de quem eu sou nele, e nem faço ideia do que eu sou em mim. E não sabendo disso, estou cada vez mais à deriva da minha percepção sinestésica, difusa, confusa sobre tudo, e ao mesmo tempo sobre o nada.
E que poesia? A poesia que não sai, que não consegue sair, volta como uma bala de canhão pra dentro, e espalha no dentro, aquilo que deveria espalhar pra fora. É como comer.
Eu não tenho mais nenhuma empatia com o que eu existo, e não a tendo, não me paro de afetar.
E que afeto? Eu não tenho mais a sapiência das crianças pro afeto, o meu afeto é explosivo, corrosivo, destrutivo. Eu me afeto como uma porrada. E eu sei que as porradas são menos significativas do que os afagos.
E que leveza? Não há nada de leve, em ser levado. O mundo tem me levado. E, assim eu me fico leve demais pra não ser levada.
E que peso? Além do da existência, o de comer o mundo, e engoli-lo com café.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

zero

O que querem?
A vida não tem passado.
E tudo o que se tem, é o que falta.