sábado, 28 de junho de 2008

- Tradução do silêncio.

Sou uma cópia do que faço
Meio-sorriso, meio-amargo, meio-dor
Criando defesas contra um inimigo oculto
Tirando máscaras para o próprio mal

Andando em círculos, parando no segundo canto
Sou aquilo que procuro não ser até tão breve
Rezando continuamente
Meus joelhos doem, e não há nada a fazer

Inerte até a segunda ordem
Esperando que alguem indique o caminho certo
Assim posso saber qual é a contra-mão
O que tenho, foi o que restou dos escombros

"O mecanismo da amizade
A matemática dos amantes
Agora só artesanato:
O resto são escombros"

Entre eu e "mim", sou o líder
Ninguém manda no meu mundo
A não ser o "mim" que me impede de seguir
Eu quero sonhar com você esta noite

Me descontrolo quando sinto tudo isso
Desabo na rua quando os goles descem rasgando meu orgulho
Posso até sentir-me tolo às vezes
Mas estou pronto pra mais uma

Cada um com sua própria arma
Cada um com seu próprio canivete
Cada um com seu próprio 38
E assim seguimos nessa Montanha Mágica...

Quero um dia de chuva...
E um copo totalmente vazio.

sábado, 21 de junho de 2008

- Soma.

Dormentes estão agora, meus sentidos.
Captei os movimentos mais imperceptíveis da sua dança dos dias (todos os)
Era simples, isso é tremendamente complexo. A simplicidade é difícil de entender.
Parece que inconscientemente, você já sabe como chegar, e de olhos fechados, sabe exatamente onde lhe convido. Um convite sem anfitrião e sem convidado, e onde estão as guloseimas e bebidas? Não se sabe, é tudo no sentido figurado, se é que me entende.
A objetividade pode ser uma virtude, a mais fraca de todas, nada que é objetivo demais, é entendido como deveria, a objetividade assusta a alma, a mente, o corpo.
Nem os anjos foram convidados para assistir o espetáculo, talvez não sejam dignos, ou não amem (enchantè), pois acredito que amam; ora, isso não vem ao caso...eles não foram convidados, porque é bom mesmo quando faz mal, e mal é mau. Anjos são do bem, e o bem não é tão bom quanto pensamos.
Nesse mundo cheio de percepções, fica difícil saber o que é ficção, a realidade se assemelha com a vontade que seja real, e parece tudo confuso, nublado, cinza....é estranho perceber que no fundo nada é como é, distorção. O nosso mundo é um Universo de Vidros sem nenhuma Transparência. Na verdade, as coisas não são ruins como são, elas apenas são diferentes do que se imagina. O diferente incomoda, perturba, causa desequilíbrio, assusta.
Hoje, os pensamentos se misturam numa linha sem fim, relacionando coisas distintas, oferecendo um baralho de cinqüenta e quatro cartas, onde só uma contém o que desejamos, e dificilmente teremos a sorte de pegar a carta almejada.
Faça-se real as coisas imaginadas, faça-se cognatas as que foram ditas. E nesse universo de vidros não-transparentes, limpei a poeira que o cobria, agora limpo, as almas envoltas observam meus pecados e os condenam, e eu apenas permito a observação....do pecado nasce um novo desejo, e todos os pecados devem ser perdoados se cometidos com perfeição.

(Não participo do relato, eu como personagem - Apenas no palco da minha vida.)

sábado, 14 de junho de 2008

- Frases de banheiro, músicas ambientes e bebidas quase alcoólicas.

Eu ri de mim, quando pensei estar gostando de bebidas não alcoólicas. Sim, esse é bem pessoal. Voltamos a era sentimental, esquecemos os problemas mundiais, egocentrismo, que são bem maiores do que meus conflitos intenos!
Num repente, senti mesmo a necessidade de ressaltar todo ardor que vejo nas ruas todos os dias, que incidem de maneira tão profunda e direta no meu íntimo. Tanta beleza escondida por detrás dos muros, e até uma folha de papel branco sendo levada pela brisa leve, se torna uma cena digna de registros. Os efeitos do inverno sobre os vegetais, tornando-os tristes e "preto-e-branco", me deixam leve, como num filme dos anos 30. Os sorrisos perdidos das crianças que, agora entendo, provém de um amor absolutamente verdadeiro - Eles não sabem o que é dinheiro, isso os torna sinceros com seus gestos, o sorriso desprovido de qualquer interesse (sim , agora entendo). As folhas secas caídas pelos corredores de concreto, mostram que até entre o morto, existe a interferência humana em seu processo (que processo?), não sei...é a diferença que chama atenção. A fumaça que sai da boca, se perdendo por aí, levando consigo algumas mágoas, ou talvez alegrias. Os olhares ao mais bem vestido, e os trejeitos dos esquisitos, as poses dos "Narcisos", que mesmo sozinhos, desfrutam de sua beleza. A pressa Paulistana, a calma dos adolescentes, enquanto flertam a caminho de casa. O beijo apaixonado dos casais encostados nas paredes, por todos os cantos (eles não enxergam o mundo, isso explica a frase "o amor é cego"). O olhar triste daquele que tem como casa, a Av Alguma Coisa. O olhar misterioso dos grandes pequenos seres, que mesmo sob a condição, conseguem rir das paródias "televisivas", o time que perdeu, o cara que ganhou. O vento que vai levando as esperanças; a chuva que vai limpando a alma; o medo que vai motivando a conquista; a força que vai derrubando obstáculos; o riso que vai abrindo portas; o choro que vai limpando o coração; o beijo que vai enchendo de inocência um mundo tão profano; a crinça que vai provando que existe amor absoluto; o eros que prova que há amor verdadeiro; o sofrimento que dá a oportunidade de redenção; os sentidos que permitem que cada um veja o mundo de um jeito, assim a perfeição se encontra nos olhos de quem vê e não no objeto visto; os sentimentos que fazem da vida um bolo de chocolate com recheio e cobertura; o Deus que faz com que as pessoas se confortem; o mal que faz com que as pessoas possam exercer o livre arbítrio; o bem que dá a oportunidade de mostrar que nem todo mal é de todo mal; o ódio que dá a oportunidade de reconhecermos que amamos algum dia e a morte que concede o decanso merecido por tanta coisa vivida; fazem da nossa vida, um conjunto de pequenas coisas de grande importância, que ao fecharmos os olhos por um segundo, perdemos um filme fantástico que passa diante de nossos olhos, fazendo-os brilhar, latejar e ofuscar toda luz artificial que exista...
Aí, pegamos nossas coisas postas na mesa quando chegamos, pagamos as cervejas e a porção de batatas fritas, vamos ao banheiro e voltamos felizes pra casa, por conversar sobre a vida.