sábado, 3 de outubro de 2009

- Um pote. (6570º dia)

À partir de hoje, ela pode beber.
À partir de hoje, ela pode fumar.
À partir de hoje, ela pode ir pra um Motel.
À partir de hoje, ela pode ser presa.
À partir de hoje, ela pode ser julgada por seus erros.
À partir de hoje, ela pode ela pode dançar em boates.
À partir de hoje, ela pode dirigir.
À partir de hoje, ela pode prestar concursos públicos.
À partir de hoje, ela pode se casar.
À partir de hoje, ela pode ser eleita.
À partir de hoje, ela pode eleger.
À partir de hoje, ela é obrigada. A fazer, só fazer.
À partir de hoje, ela pode assistir filmes adultos.
À partir de hoje, ela pode ir sozinha ao médico.
À partir de hoje, ela pode ir à excursões de escola sem autorização.
À partir de hoje, ela pode comprar bebidas no supermercado.
À partir de hoje, ela pode fazer tudo que já fazia antes, mas com o peso de estar direito. Certo, contido.
À partir de hoje, ela pode olhar com nostalgia sua infancia, e com arrependimento sua adolescência, que deixou tantas coisas mal feitas, tantos erros incorrigíveis, tantos machucados "incicatrizáveis", tantos caminhos certos para trás.
À partir de hoje, as lembranças podem se tornar distantes.
À partir de hoje, o futuro chegará mais rápido, mais amedrontado, mais tímido.
À partir de hoje, ela pode olhar seu quarto e desejar não ficar muito tempo nele.
À partir de hoje, os sonhos não podem mais ser financiados, apenas pagos à vista.
À partir de hoje, as noites serão mais curtas, e os dias mais cansativos.
À partir de hoje, tudo que acontecer na vida dela, será repetido, apenas com novos nomes.
À partir de hoje, o que ela pode esperar, é um bom dia, boa noite, obrigada.
À partir de hoje, ela é obrigada a fazer do dinheiro uma rotina.
À partir de hoje, não vai haver possibilidade de novos melhores amigos.
À partir de hoje, ela pode esperar o amanhã com a certeza de que ele tem nome.
Mas à "partir de hoje", ela não queria ter de fazer essas coisas, esses maus e bons direitos e deveres. Hoje ela não queria nada disso, ela não deseja nada dessas coisas as quais ela já carrega consigo antes do "à partir de hoje".
Hoje e "à partir de hoje", ela só queria ter sorrisos sinceros e livres...e um pote de sorvete.

5 comentários:

Marcelo Mayer disse...

à partir de hoje ela pode sair pra comprar cigarro e ter o direito de voltar mais

Unknown disse...

Belo texto MÔ, apartir de sábado é hora de ter otimismo, força, coragem e amor....


Te amo!!!!!!!!!!!!!!!!

Fernanda Magalhães disse...

"sorrisos sinceros e livres...e um pote de sorvete."

Alguêm precisa de algo mais pra se feliz?


Perfeito o texto.

Bjos de luz querido.

Marcelo Mayer disse...

cama dessarumada... uma analogia a um sexo... rsss
e depois disso, a mentira de ser mulher é no sentido de "eu te amo" ser a mentira mais gostosa

;)

Natália Corrêa disse...

E o regime só a partir de segunda.