quarta-feira, 9 de março de 2011

- Pragmática vulnerabilidade do dia a dia.

eu gosto de pessoas que gostam de poucas coisas, ou de quase nada.
sempre quando eu passo por debaixo do viaduto, e tropeço nos paralelepípedos da calçada, penso que poderia gostar de muito mais, mas não gosto pra poder ser ímpar com os meus próprios gostares. No fundo acho até que isso é uma filosofia de vida, não gostar de gente que gosta de tudo, e se irritar com gente que gosta de tudo mesmo.
só sei, que quando eu passo por debaixo do viaduto, eu gosto dos paralelepípedos, e isso faz de mim uma pessoa que gosta de algo tão banal, que sinceramente não posso não gostar de pessoas que gostam de tudo, pois talvez elas gostem tanto das "todas as coisas, ou muitas coisas" quanto eu gosto dos paralelepípedos da calçada. Chego a conclusão de que devo então, não gostar mais deles, só pra manter a minha infindável credibilidade nas minhas próprias teorias, e sempre poder repetí-las sem o estigma do julgamento.
Já disse que desconfio de pessoas com os olhos claros?

3 comentários:

Henrique disse...

hahahahahahaha.

Acho que gostar de tudo é um meio de não gostar de nada.

João disse...

Nossa, me fez lembrar Fernando Pessoa, "A Passagem das Horas", em sentido totalmente contrário (e complementar):

"Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo, Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo, Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia, Seja uma flor ou uma idéia abstrata, Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus. São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também, Porque ser inferior é diferente de ser superior, E por isso é uma forma talvez, de superioridade. E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo, Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter, E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades, E com outros ainda simpatizo por simpatizarem com eles..."

- Já disse que desconfio também (e simpatizo por isso) de pessoas com os olhos claros?

...

Renato Brandão disse...

Os olhos claros são mais raros, mais valorizados, portanto, se destacam mais.

O legal mesmo é perceber a vulnerabilidade do comum, os olhos escuros, pois se todos fôssemos europeus de rosto, qual seria a posição de um descendente de índio, por exemplo?

Abraço
www.temalgumacoisaerrada.blogspot.com