segunda-feira, 11 de junho de 2012

- blues power (8:41)

eu não quero ficar a vida inteira lutando contra o sistema. eu não sei pra quê servem virgulas, pontos, pontos - virgulas, nem sei. Acho que a vida é tão maior do que tudo isso, acho que as pessoas ficam discutindo de graça o que outras pessoas são pagas pra discutir. Eu gosto de ouvir uma boa música ruim e sorrir, por que ela existe apenas pra me fazer sorrir, eu gosto de tomar uma cerveja gelada e chegar a conclusão de que todas as cervejas são iguais. Eu já disse tudo isso, mas parece que a vida é cíclica mesmo, há uns cinco anos eu estava nesta mesma agonia do ser, eu estava me masturbando com as mesmas indagações sobre as irritações megalomaníacas de pessoas que realmente não tem por que ou por quem viver. Olha, eu percebo quão boa é a felicidade, por que toda vez que estou muito feliz não faço mais nada além de ser feliz. A felicidade toma todo o tempo de quem a vive, ela consome toda a energia, a felicidade gasta todo seu dinheiro. Daí eu percebo, como disse, que é a terceira vez que escrevo alguma coisa bem estranha essa semana, que tenho sentido tédio, que tenho sentido saudade, que tenho sentido apatia, que tenho sentido azia. Acho que tudo isso é tristeza. Tristeza que deixa a gente intelectual, fino, blasè, deixa a gente até mais bonito, mais organizado, com mais dinheiro. Porque é assim que a tristeza faz, ela te deixa tão interessante e criativo, e ao mesmo tempo tão exigente e chato que só a tristeza se torna verdadeiramente atraente. Internet, café, cigarro, cinema israelense, tv a cabo, só servem mesmo pra pessoas tristes. Só. Quando a felicidade existe, a gente ouve qualquer coisa e ri, a gente vê qualquer coisa e ri, a gente ama qualquer alguém e ri, a gente não precisa de tv a cabo, não precisa de cinema israelense. Se bem que, café serve também pra quem trabalha, mas todo resto é pra quem é triste. Eu queria ficar mais poética possível, pra pelo menos a tristeza servir pra alguma coisa, mas eu tô ficando tão de saco cheio disso tudo, que a poesia é o silêncio, a poesia é mais o que deixo de dizer, do que o que eu realmente digo. A poesia está no analisar a tristeza, e a minha tristeza está tão "novela das oito" que nada há de poético. Eu costumo trocar uma ideia com as ideias quando tô assim, mas nada melhor do que um blues power para consolidar o status: tristeza blasè. Não, não, status: tv a cabo, cinema israelense, café e liberdade.

Um comentário:

- Larissa Venâncio disse...

- Quanta a efemiridade na vida, até mesmo sem conseguir...Lari (: