quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Não é tão mórbido quanto parece.

Tem dia que dá vontade de não existir. Não é algo como querer morrer. Não é tão mórbido quanto parece. É só vontade de suspender a existência por um dia. De não querer saber se existe, de não pensar sobre o que pensa, não ser o que é - de ser nada, na verdade. Tem dia que dá vontade de não saber se existe no mundo. Ou como se existe no mundo. Um modo suspenso de vida, sem consciência de si. Um dia em que não existe a contração da vida, nem a dúvida, nem a certeza, nem algo que se pareça consigo mesmo.

Eu não queria morrer por um dia, não é disso que se trata. Eu queria não existir por um dia. Algo que não se sabe. Seria parecido com deixar em suspenso. Algo como standby da TV. Não sei - eu voltaria amanhã, mas hoje eu só queria estar lá/aqui, sem saber que só estou.

Eu queria me desligar, mas sem susto, sem drama, sem morte. Só desligar, e depois ligar, reiniciar, funcionando de acordo com as configurações de fábrica - mas não que eu quisesse ser uma máquina - não! Queria continuar sendo gente, mas desligável. Em complemento a analogia, eu diria que tem dia que faltam 2% para bateria acabar - para que a loucura se instale por completo, só dois porcento, mas que não acabam nunca, sempre uma promessa de que tá acabando. Mas, mais fácil seria se eu pudesse só desligar, colocar na tomada, e esperar o amanhã. 

Existir é cansativo por demais, mas morrer é um exagero.

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