quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

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É só minha cabeça deitar-se sobre a fronha (nome feio) florida pra que todas aquelas pessoas comecem a transitar. Mas não é possível!! Por quê agora? Já subi ladeiras, lavei as louças, li uma porção de páginas daquele livro, já fiz um chá, já fumei um e dois...não.
Seres impacientes, por que não me dão alguma tranquilidade noturna? O mundo não vai acabar de madrugada. 
Eles saem zumbizando do fundo da minha cabeça e falam por horas sobre todas as conversas que por algum motivo eu não tive tempo de ter. Todas as resoluções, todos os fins de conversas difíceis, todas as vezes que esqueci o nome de uma coisa...tudo isso surge num lampejo maravilhoso de euforia, e aí fico pensando que podia escrever um telegrama para cada uma daquelas pessoas falando aquilo que faltava, e lembrando o nome de todos aqueles cantores de sucessos populares, que em algum bar da cidade, em alguma hora da madrugada, eu esqueci.
Oras, fico com esse mosaico de informações lembradas: Katinguelê, Kant, Doroty Marques, Robinson, Jacksons Five, Murilo Mendes, e mais tantos nomes e coisas que esqueci num momento de perda de memória recente. Logo imagino como a conversa teria sido melhor se tivesse lembrado disso naquela hora.Ou então, como seria melhor se eu tivesse lembrado de dizer aquele desaforo quase catártico quando ouvi umas injúrias na boate.
Enfim, acho responsável mandar um telegrama. Ninguém pode viver sem saber que essas coisas e nomes estavam ali...talvez todos possam, menos eu. Eu preciso comunicar. Preciso dizer que lembrei aquilo que esqueci antes que eu me esqueça. Se eu não faço isso fica todo mundo fazendo algazarra na minha cabeça, como se tivessem me lembrando que eu não posso dormir devendo a informação inútil. Fico compondo os contextos, fico remontando as falas, dirigindo a vida em remake.
Vanessa Rangel.

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