sábado, 12 de março de 2016

Das coisas que eu não sei fazer.

Estava eu só, fazendo as contas na varanda. Estava calculando se devia ou não fumar aquele cigarro. Calculei: um maço custa r$ 7,50 dinheiros, dividi, no meu esforço humanóide, isso por 20, conclui algo por volta dos 0,40 centavos de dinheiro. Pensei que, está inviável fumar um maço por dia. Pensei então que deveria fazer o maço durar por dois dias, e calculei de novo o quanto isso me custaria. Eram quase dez da noite, e chovia de leve. E eu ainda me punha nessa danação de calcular o alívio. Tinham quatro. Pensei que se fosse dormir cedo, talvez durasse até o almoço do dia seguinte, e comecei a arquitetar de que forma dormiria cedo, na angústia do alívio. Talvez se me deitasse e forçasse a mente ao nada, conseguiria. Não dava, estava muito entediada pra dormir. Então pensei que se Julia chegasse em casa, pediria um cigarro pra ela, e pouparia os meus. No fundo, eu não conseguia parar de pensar em como resolver o impasse. Passei um café, numa ilusão de que isso postergaria o cigarro. Na verdade, sabia eu, que isso seria fatal.
Pois bem, eu acendi o dito. E dava duas longas tragadas, enquanto colocava meu tesouro na mureta. Ao bater a primeira leva das cinzas, não teve jeito de impedir. O vento forte carregou meu maço pra laje do vizinho. E aí eu quis chorar, e disse que não ia me render. Fiquei furiosa...
Quando vi, lá estava eu, na garoa, as onze, no posto de gasolina.

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