domingo, 21 de março de 2010

Meta fora.

Hoje, ouvi alguém dizer que estava tramando contra o tempo.
É só uma frase, um efeito. O tempo me pegou na esquina. Mal sabia eu, o que me esperava na curva. O tempo me deu a chance de concretizar planos, e reiniciar outros, falir alguns.
O tempo tem me dado presentes incríveis, me trouxe num vento de março a sorte, e eu, que quase nunca acreditava na sorte, percebi que ela é como deus, ou talvez seja o próprio.
O tempo, a sorte, deus...essas coisas me fazem lembrar de quando eu ainda pensava no futuro como uma coisa tão longe, tão sólida.
Hoje também, ouvi outra frase, e faz todo sentido, achar que, tudo o que é sólido, pode derreter. E pode.
Vi tanta coisa derrter nesse vento de março, tanta coisa se esvair do meu cigarro. Esquece, agora é só a maturidade, só ela pode trazer de volta o que o vento levou, o que o cigarro queimou.
Eu detesto mesmo jogar um cigarro quase inteiro quando vem o ônibus, mas isso sempre, sempre acontece comigo. Às vezes eu jogo o cigarro, as vezes eu jogo a sorte. Mas não sei, será que tenho escolhido certo? O que vale mais, o cigarro inteiro, ou a pressa de chegar?

segunda-feira, 15 de março de 2010

- No sofá, no mim.

Sempre foi assim. Quase gêmeos. Quase um.
desde sempre, quase nunca.
mas, a gente sabia que, uma hora ou outra a separação era evidente, digo, a separação de corpos.
os caminhos se cruzam, mas não são paralelos. Se cruzam, mas não nos cruzam.
eu só penso nessa dor, do cigarro não dividido, do beijo não dado, do encosto não encostado, da revolta não compartilhada.
devia ter fumado mais, beijado mais, encostado mais, revoltado mais.
sem isso, o que vai ser? Sem nossos imãs, como vai ser?
sem seu afago, como vai ser?
sabe, detesto a solidão, detesto o silêncio, detesto estar longe, estar apenas comigo, por que eu sou tão cruel comigo, tão cruel.
como vai ser, querido, como vai ser?
Você lá, com a pop art e eu cá com minha fixação.
não fique longe, não se deixe longe, pode ir, mas se deixe aqui comigo, por que parece besteira, mas tão pouco tempo, é tão muito tempo.
não esqueça, antes de ir, te deixe no sofá.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

- Vinte e cinco.

Uma hora a mais. Todas as pessoas a menos. Foi assim que foi o dia de vinte e cinco horas. Eu e o meu cigarro. A sós.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

- Testa.

Hoje, fizeram em mim, uma cruz na testa, com cinzas.
Eu tinha acabado de tomar banho. Relutei um pouco. Depois da cruz, me deram um beijo terno.
Eu já tinha esquecido, de como as coisas eram sinceras naquele tempo. De como as coisas aconteciam de um jeito tão genuino.
Se eu acreditasse, seria melhor, talvez seria mais fácil. De qualquer forma, acredito nela, e nas lembranças boas que nos nutria. Acredito em alguma coisa, algo que nos fez feliz.
Queria mesmo cinzas no meu cinzeiro, que hoje tá vazio.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

- Gastro - sentimental.

Já tinha notado que era insônia, mas a noite lhe parecia tão atraente.
À noite, música triste é melhor.
Me dá azia. Música triste é um prato cheio, e não é preciso ter fome para devorá-la. É irresistível, é suculenta, é carregada de massa, é pesada, é indigesta. Mas, todos sabem, o que é perigoso, intenso, denso, é mais gostoso, é mais.
Pois é, tem gente que diz que músicas tristes só são ouvidas e sentidas por pessoas tristes.
Agora, Joni Mitchell com Mussarela e coca-cola. Mais tarde, quem sabe, Etta com vinho tinto seco. Se bem que Etta, foi o prato principal a semana toda. Maysa...pode ser.
Mas só se ainda tiver sal de frutas na cozinha.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

- Formspring.me

Fizeram uma pergunta tão ilógica, que sem pensar ela respondeu a terceira das duas alternativas que lhe foram propostas:
- Um malboro. Um não, dois. Afinal, só existe uma coisa, a qual um Malboro não possa substituir.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

- Compromissos inadiáveis.

Ela acorda. Ainda na cama, pensa em dormir mais, pensa em levantar e correr, ou então não acordar até o próximo Dr. House, mas ela resiste às tentações, então levanta, e antes de morder a pêra, olha sua agenda. Mais um dia cheio. De nada.