sábado, 26 de abril de 2008

- Descobrimento. (método das partidas dobradas).

A parte que toca o mais próximo do limite, desejado, humano, é a abundância de alegria - Alegria plena.
A garota nem sabe o que é tristeza, ela sorri, sorri...tudo é transformado em estrelas que brilham mais do que seus próprios olhos, e os perfumes, ah, os perfumes são mais aguçados e intensos do que os exalados por Damas da Noite. Todos os dias ela deseja mais nada em sua vida, pois, sabe que tudo que tem é perfeito para seu cotidiano, completa perfeição. Inimaginável, ela conseguiu o que jamais fora conseguido - Alegria plena.
Apesar de nem saber a diferença entre Felicidade e Alegria, ela segue dizendo que possúi os dois. Podem dizer o que quiserem, ela não consegue separar esses dois sentimentos, ou momentos como dizem por aí.
É tanta alegria, que chega a ser melancólico, estático, constante demais.
Foi daí, que começou a pensar, que tanta alegria nunca será possível. Quando é muito, torna-se pouco demais. Muito é tão pouco.
A primeira vez que acordou com a sensação de querer estar triste, sentir o gosto amargo e necessário da reflexão que advém da tristeza. Sentiu que se fosse alegre a vida toda, nada seria completo. Método das partidas dobradas. Um lado só não é bom, é essencial que existam dois lados.
Era estranho admitir para ela mesma que, com tanta alegria que tinha, conseguia sentir falta daquilo que tantos rejeitam. Privilegiada era ela, porque todos os dias eram lindos, ou talvez não tão lindos, mas eram lindos o bastante para torná-la plenamente feliz. O que pode ocorrer numa mente alegre, em meio de tanta sede por alguma tristeza?
E por não conseguir ser triste, a moça dos olhos brilhantes, sentia uma imensa e profunda vontade de fazer algo a si mesma para tornar-se triste, mesmo que por um momento.
Seria ela, um ser de outro mundo? Como jogar, ou querer jogar, um tesouro tão valioso, pelo qual lutam tantos para conseguir?
É inevitável nossa revolta a nos deparar com um alguém assim. Chega a ser um insulto. É como jogar um prato de comida no lixo, na frente de alguém que sente fome - Fome. Como expor o suicídio a quem teme a Deus. É "comparável" a abandonar um filho, quando existem muitos que não podem tê-lo. Tão terrível.
Mas, à pobre, culpa não poderia ser atribuída. Ela nem sabia que tristeza era ruim, não sentira nunca, e por mais que tenham todos, o mesmo desejo de alegria, ela, somente ela, queria provar do cálice, jogar do outro lado, nadar contra a maré.
Nessa busca por sentir, foi cada dia desejando mais e mais aquilo, a ponto de chegar a ser sua meta de vida, seu objetivo.
Não adiantava, não conseguia, sua agonia a impedia de pensar noutra coisa.
Sem mais relutar, buscar, correr - Sentou-se na calçada, pôs-se a chorar, aprofundou a cabeça dentre as pernas. Ficou inerte por uns segundos, e ao levantar a cabeça, enxugar as lágrimas - Riu. Sentiu. Era aquilo.

3 comentários:

André Correia disse...

Dilme bem construído...
deu até dó da menina, meio louca ela
x]

André Correia disse...

Dilema*

Unknown disse...

Óia...

Hoje resolvi voltar a vida virtual, e aqui estou para comentar um por um dos textos de minha autora favorita....

Esse é tão bonito que chega a ser triste, como aquelas belas canções românticas.

Bju mÔ!